Depois de passar os primeiros meses do atual governo, uma pergunta ainda fica no ar: onde investir com a eleição de Jair Bolsonaro? Essa é uma dúvida comum, principalmente diante do cenário econômico e político que o Brasil está passando.
O presidente Jair Bolsonaro foi eleito levantando uma bandeira liberal, pró mercado e favorável às atividades econômicas no país. Graças a isso, as expectativas dos investidores desde sua posse foram positivas.
Entretanto, será que isso se mantém? É isso que veremos ao longo deste texto!
O que o primeiro semestre do governo de Jair Bolsonaro nos diz?
A vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 causou um grande movimento no mercado financeiro. Após sua posse, em janeiro, o Ibovespa saiu do patamar de 85 mil pontos para o recorde de quase 100 mil pontos, em 18 de março.
O problema é que essa situação mudou e é isso que precisamos entender.
Polêmicas constantes
Em primeiro lugar, o atual governo tem sido marcado por uma chuva de polêmicas nos mais diferentes âmbitos.
Desde ministros com afirmações conservadoras (que se manifestam contra a agenda liberal) à confusões dentro da bancada do Partido Social Liberal (PSL) — partido do presidente —, com decisões incorretas e recuos constantes em posicionamentos. A cada nova polêmica, menos segurança fiscal, econômica e tributária existe no país.
Baixa articulação política
Mesmo que Bolsonaro e seus ministros tenham feito propostas relevantes, eles têm pecado na articulação política com a Câmara dos Deputados. Como resultado, essas mudanças têm enfrentado grande oposição e vem sofrendo ataques constantes.
Dessa maneira, as medidas economicamente liberais não estão sendo aprovadas da forma e na velocidade que deveriam.
Falta de protagonismo presidencial
Outro ponto relevante com relação a esses primeiros meses de governo é que o presidente Jair Bolsonaro não tem se colocado como um líder político. Ele se ausentou de grandes discussões, demorou para assumir a liderança da reforma da presidência e recuou em diversas decisões.
Essa postura diz para o mercado que o cenário político ainda é instável e que não é seguro investir no país.
Como resultado de todos esses pontos, o Ibovespa, que antes havia atingido um recorde, voltou para a casa dos 90 mil pontos — porém, ainda se mantendo em um nível mais elevado do que estava antes da posse de Bolsonaro. Somado a isso, o dólar comercial chegou a atingir R$ 4,10 e a previsão do PIB (Produto Interno Bruto) foi reduzida de 2,2% para 1,6%.
MP (Medida Provisória) da Liberdade Econômica
Apesar dessas incertezas, o governo, em especial o ministro Paulo Guedes (ministro da economia), luta para manter a promessa de liberdade econômica. Para fazer isso, Bolsonaro assinou a MP da Liberdade Econômica (Medida Provisória nº 881, de 30 de abril de 2019).
Com esse documento, o governo facilita a abertura de empresas, reduz a morosidade das aprovações para início do exercício legal e promove a simplificação da burocracia estatal. Todos esses pontos são benéficos para a economia e para o avanço dos investimentos no país.
Quais são as melhores opções de investimento para o momento?
Nesse cenário incerto, qual é a melhor opção de investimento disponível? Como é de praxe, precisamos alertar: não existe produto perfeito. É preciso escolher as aplicações mais adequadas para o seu perfil de investidor e seus objetivos pessoais.
Feita a ressalva, vamos ver o que tem chamado a atenção dos investidores nesse período!
Estatais
Uma das grandes bandeiras levantadas por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes durante o período eleitoral foi a privatização das estatais e de áreas públicas. Vários leilões já aconteceram, principalmente em ferrovias, e a tendência é que isso continue.
A privatização deixa os investidores otimistas, então é importante ter atenção aos papéis dessas empresas. De acordo com as análises do banco BTG Pactual, algumas estatais podem sofrer esse impacto mais cedo, como é o caso da Petrobras, Eletrobras, Cemig, Banco do Brasil e outras instituições bancárias.
Nesse caso, cabe uma ressalva: além do Bolsonaro e Paulo Guedes, havia também o partido Novo defendendo o liberalismo econômico. Eles conseguiram eleger o governador de Minas Gerais, Romeu Zema. É importante olhar para esse estado e acompanhar as possíveis privatizações que também acontecerão lá, em especial a da Cemig.
Ações a longo prazo
Como o início do governo foi muito turbulento, a oscilação do mercado de capitais é constante. Assim, investir a curto prazo pode ser lucrativo, mas exige muito conhecimento, tempo e dedicação para acompanhar as mudanças e polêmicas.
Logo, aplicar em ações a longo prazo pode ser uma saída interessante para aproveitar a renda variável. Assim, as polêmicas atuais têm pouco impacto no quadro geral das empresas; e se as medidas econômicas forem aprovadas, os papéis tendem a ganhar valor com o tempo.
Segundo análises do BTG Pactual, devemos esperar um crescimento das empresas com maior exposição à recuperação econômica, como é o caso de empresas dos setores do Varejo, da Construção Civil e do Consumo. O BTG também dá destaque à Petrobras, Lojas Renner, Localiza e Cosan, todas elas presentes na carteira recomendada do mês de maio.
Títulos públicos
O Brasil sempre foi considerado a terra da renda fixa, graças à alta taxa de juros básico (Selic). Mesmo com a queda história desse indexador, que hoje atinge o patamar de 6,5% a.a., essa modalidade de investimento continua atrativa caso o valor não seja alterado.
A renda fixa é sempre uma alternativa para diversificar a carteira de investimentos, proteger o capital contra a inflação e ter uma reserva de segurança. Dentre as possibilidades de aplicação, os títulos públicos são a opção mais simples, flexível e fácil de gerenciar.
O que esperar de agora em diante?
O cenário econômico e político do Brasil ainda está muito confuso. Vários investidores ainda estão parados, apenas olhando para as notícias e esperando uma das votações mais importantes do atual governo: a aprovação da reforma da previdência.
Caso essa proposta seja aprovada sem sofrer grandes mudanças na Câmara dos Deputados, ela dará aos cofres públicos um pouco de tempo, reduzindo os gastos e trazendo mais segurança financeira para o país.
Isso é benéfico para os investidores, já que é um sinal de que o governo consegue lidar com as contas públicas e dificilmente vai haver um descontrole econômico que aumentará a taxa de juros, elevará a inflação de maneira descontrolada e desvalorizará o real.
Como você pode ver, escolher onde investir com a eleição de Bolsonaro é uma decisão pessoal e estratégica. Muita coisa ainda está para acontecer e as oportunidades no mercado financeiro são enormes, tanto para os investidores mais arrojados quanto para os conservadores.
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