Anos de eleições tendem a trazer volatilidade aos mercados financeiros e de capitais. Por se tratar da eleição mais importante do mundo, as notícias sobre a corrida eleitoral americana prometem gerar oscilações no mercado global, na B3 não será diferente.
No dia 3 de novembro de 2020 acontecerão as disputas para a escolha do novo presidente dos EUA. Os investidores avaliam cada vez mais intensamente o que cada resultado pode representar para as suas carteiras. Certamente será uma decisão que importará muito para os investimentos nos próximos meses e anos.
O sistema que elege um presidente norte-americano é diferente do usado no Brasil e em outros países. Por lá, não basta ter a maioria dos votos diretos dos eleitores no dia da eleição. O que um candidato precisa mesmo é conquistar a maioria dos votos dos delegados que compõem o Colégio Eleitoral.
Somando todos os 50 estados dos EUA (mais o distrito de Columbia) existem 538 delegados em disputa e se torna presidente o candidato que assegurar o voto de pelo menos 270 deles.
Entendendo as eleições nos EUA
O modelo de eleição foi estabelecido em 1797, no momento da criação da Constituição nos EUA. Na ocasião, cada Estado queria manter seus direitos – em especial os menores – que temiam ser dominados pelos maiores. Por sua vez, os líderes estaduais não confiavam na população para escolher a figura do presidente e, assim, ficou decidido que mandariam seus delegados como seus representantes para fazer a eleição.
De forma geral, para se candidatar à presidência dos EUA é necessário ter 35 anos de idade ou mais, ser nascido no país e viver lá por pelo menos 14 anos. O mandato dura quatro anos e ele só pode ser reeleito uma vez, como no Brasil. O voto é facultativo e as eleições ocorrem geralmente no mês de novembro.
Diferentemente de outras repúblicas presidencialistas, os americanos adotaram um sistema chamado de colégio eleitoral. Cada Estado ganha um peso de acordo com o tamanho de sua população, mas conquistar votos de mais eleitores não quer dizer que o candidato será o presidente.
Nove meses antes das eleições são realizadas as chamadas “primárias”. Na sequência são realizadas as convenções partidárias. Somente após este processo ocorre o primeiro debate presidencial e por fim, a eleição.
Eleições primárias
Primeiramente os norte-americanos escolhem os candidatos à presidência de cada partido. Há diversos partidos nos EUA porém os dois majoritários e que elegem mais presidentes são o Republicano – atualmente mais voltado à centro-direita – e o Democrata que seria uma espécie de centro-esquerda.
A fim de decidir quem representará o partido nas eleições, são realizadas eleições primárias (prévias) em todos os Estados e a população escolhe quem será o candidato de cada partido. E quem escolhe os candidatos à indicação do partido são os chamados delegados partidários.
Esses delegados baseiam-se, na maioria das vezes, pelo voto popular para se comprometer com um nome. Mas é mais importante vencer regionalmente do que conquistar a maioria absoluta dos votos.
Quando os eleitores norte-americanos votam, eles, estão decidindo para quem vão entregar os delegados de seus estados. Estados com mais habitantes possuem mais delegados no Colégio Eleitoral. E o sistema do Colégio Eleitoral existe justamente para que estados mais populosos tenham peso maior na decisão.
Cada Estado decide como serão as primárias – abertas, fechadas, livres etc. Desse modo determinam se os votantes devem ser filiados aos partidos, se podem participar das prévias dos dois partidos etc. Essa seleção evita que uma eleição seja inflada com dezenas de candidatos com certa irrelevância política, como acontece no Brasil. Além disso, vale dizer que os pré-candidatos estão sozinhos na disputa, isto é, não existe uma chapa de pré-candidatura ou um pré-candidato a vice-presidente.
As eleições primárias ou prévias, portanto, começam bem antes das eleições à presidência. O candidato escolhido é confirmado nas convenções partidárias. Assim o candidato nomeado como presidente escolhe quem será seu vice.
Colégios Eleitorais
Nos EUA a população não vota diretamente em seu candidato à presidência da República. O povo escolherá o seu líder governamental, os chamados delegados.
Quanto mais populoso o Estado, maior o número de delegados. Dessa forma é constituído o Colégio Eleitoral estadual, que deve ter no mínimo três delegados.
Dado que a Constituição em 1787 instituiu a autonomia dos Estados, cada um dos 50 presentes nos EUA decide como escolherá seus delegados.
Ao todo, há um número de 538 delegados que fazem parte do Colégio Eleitoral nos EUA. Assim, como dito anteriormente, para ser eleito, o candidato deve ter o voto de 50% mais um dos delegados (270).
Por mais que o candidato tenha votos populares, o essencial é ter votos do Colégio Eleitoral, uma vez que é ele que escolhe o novo presidente. Inclusive, na maior parte das vezes, o Colégio Eleitoral segue a tendência dos votos populares e elege o mesmo candidato votado pelo povo.
O Estado com o maior número de delegados é a Califórnia, com 36 milhões de habitantes e 55 delegados. Isto quer dizer que ganhar na Califórnia representa conquistar 10% dos votos de todos os delegados do país e assim, uma vantagem para o candidato.
Impactos para o Brasil
Há especialistas que consideram que a repercussão, caso haja uma mudança na cadeira presidencial americana, possivelmente aconteceria em âmbitos setoriais.
Em relação às commodities, por exemplo, desentendimentos com a China e países da Europa podem trazer perdas para ações de empresas de alguns setores como petróleo, metalurgia, mineração, proteína animal.
Além disso, a renda fixa no Brasil sofre com a valorização do dólar frente ao real, uma vez que os produtos importados ficam mais caros. Este cenário pode fazer com que o Banco Central mexa na política monetária a fim de estabilizar a inflação. Por sua vez, tende a mexer nos juros e que por sua vez, poderia trazer maior atratividade nessa classe de ativos.
Por fim, a fim de buscar maximizar os investimentos, a melhor forma de fazer isso é por meio da diversificação da carteira levando em consideração não só a classe de ativos, mas também setores, geografias, ativos de proteção, etc. E por isso, importante sempre consultar seu assessor de investimentos para uma escolha consciente.
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