B3 permite aluguel das cotas de FIIS e FIPs

5 de novembro de 2020

É provável que você já tenha escutado sobre aluguel de ações. Ou seja, que o acionista pode disponibilizar os papéis que compõem sua carteira para locação e assim, gerar uma renda extra. Na prática, esse é um instrumento já desfrutado por grande parte dos investidores.

Recentemente a B3 passou a permitir o aluguel de papéis para a realização de operações vendidas – short – com cotas de fundos imobiliários (FII). Fundos de Investimento em Participações (FIP) também estarão disponíveis para aluguel a partir de novembro.

O empréstimo de FIIs e FIPs será concedido para negociação com as mesmas características e regras da cessão de ações. Isto é, com mínimo de uma cota para aluguel, contrato reversível a ambos os lados e remuneração do doador além de taxas da B3 pagas pelo tomador da operação.

Essa autorização poderá resultar no aumento de variações positivas e negativas de diversos fundos imobiliários. Portanto, os preços que costumavam ser mais estáveis, podem sofrer com maiores volatilidades, assim como observamos nos preços das ações, moedas, ETFs etc.

Vale ressaltar que somente as cotas dos fundos imobiliários com maior liquidez e maior número de cotistas poderão ser alugadas para operações vendidas – short.

Mas afinal, vale a pena colocar o ativo para aluguel?

Custódia remunerada

Imagine que o investidor faça uma aplicação de longo prazo e que por sua vez não pretenda vender seus papeis, dado que seu objetivo é receber os dividendos que serão distribuídos regularmente.

Alugando seus ativos é possível receber uma taxa de aluguel normalmente baixa – por volta de 1% no ano, mas que em alguns momentos como o que estamos vivendo, pode chegar a 44% no ano. Este serviço de aluguel acontece de forma automatizada.

A grande vantagem de disponibilizar para aluguel é que o investidor continua recebendo todos os direitos que possui como acionista. Mesmo alugando os ativos, o mesmo recebe de forma regular os proventos pagos pela empresa como dividendos, juros sobre capital (JCP) e etc.

Por outro lado, o direito de voto em assembleias é transferido para o tomador, figura que assume o empréstimo por determinado período, durante a vigência do contrato. Quanto às bonificações durante a vigência do aluguel, os valores são corrigidos e repassados na liquidação do contrato.

Os riscos de aluguel

Pode-se dizer que os riscos embutidos ao disponibilizar para empréstimo são todos da B3. Isto quer dizer que é a própria bolsa de valores que atua como contraparte e garante a operação. Além dela, a instituição custodiante é a responsável por executar as garantias e realizar a liquidação financeira.

O short – “venda sem ter” ou “venda a descoberto”

No mercado financeiro é possível vender algum ativo sem que o investidor o possua. Inclusive o mesmo, recebe o recurso em sua conta. Tal operação é conhecida como short ou venda a descoberto.

Em outras palavras, o short tem como objetivo apostar na queda do ativo ou de alavancagem da carteira, em que os recursos obtidos podem ser investidos em outros papéis. Assim, numa operação de aluguel, o tomador acredita que o preço cairá nos próximos dias e vende as quantidades antes da tal queda, como se fossem dele.

Porém, a B3 com a finalidade de impedir que um grande investidor venda infinitamente um ativo, exige que o short alugue o papel. Desta forma, o máximo de operações short deverá ser igual à quantidade do ativo em circulação. Ou seja, a quantidade limite de ações short será apenas a quantidade disponível no mercado para aluguel.

De toda forma, este mecanismo permite que as cotas estocadas por investidores de longo prazo sejam negociadas gerando maior volatilidade nos preços.

Quem lucra com isso?

Geralmente um investidor de fundo imobiliário não costuma realizar muitas operações de compra e venda durante o ano. Normalmente compra as cotas e os mantém em carteira, diferentemente de realizar compras e vendas todos os dias.

Para os fundos imobiliários, a venda de ativos alugados funciona como uma forma de proteção quando os preços de seus ativos estão em queda. Entretanto, para um trader que realiza operações de curto prazo, é importante que os ativos tenham maiores liquidez e oscilações nos preços.

Quanto aos investidores mais experientes, estes podem entender a volatilidade como risco ou até mesmo uma oportunidade, uma vez que caso essas operações de venda derrubem os preços das cotas com maior regularidade, os mesmos poderão adquirir ações por preços mais atrativos.

Quem poderá sofrer?

Vemos que atualmente muitos investidores Pessoas Físicas migraram seus investimentos de renda fixa para os fundos imobiliários por entenderem que são menos voláteis que as ações por exemplo.

Porém, tendo em vista que diversos enxergam este ativo como investimento de menor volatilidade, uma mudança no comportamento dos fundos poderá assustar o investidor que perderá o interesse devido a maior oscilação.

Por fim, é importante que o investidor consulte seu assessor de investimento para escolhas conscientes e eventuais dúvidas sobre o assunto.

O conteúdo acima exposto possui finalidade meramente informativa/educativa, desta forma não deve ser compreendido como oferta ou recomendação de serviços ou produtos. A One Agentes Autônomos de Investimentos Ltda é uma empresa de agentes autônomos de investimento devidamente registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na forma da Instrução Normativa nº 497/11.

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