No começo de novembro deste ano, a bolsa brasileira finalmente superou o nível que foi perdido no dia 27/01/2020, quando a OMS declarou alto risco de pandemia. Nessa ocasião, o Ibovespa caiu -3,29% puxado pelas fortes quedas nas bolsas de todos os países.
A pandemia foi anunciada pelas autoridades em 11/03/2020 e as notícias em relação aos pacotes de estímulos surgiram no final de março. Tais estímulos diminuíram a percepção de risco, iniciando o processo de recuperação em 2020.
Felizmente em 10 de dezembro de 2020 o Ibovespa atingiu a pontuação perdida. Se passaram 318 corridos ou mais de 10 meses até nossa bolsa voltar ao patamar Pré Covid-19.
Por outro lado, a bolsa americana, representada pelo índice S&P 500, voltou para o ponto perdido do dia 27/01/2020 no dia 08/06/2020, ou seja, foram 133 dias ou menos de 5 meses depois do início da crise.
Olhar histórico
Se olharmos o histórico de recuperações das bolsas mundiais, (representadas pelo índice MSCI World Index) nas últimas crises envolvendo doenças, vemos que as mesmas conseguiram se recuperar em apenas 3 meses ou no máximo em até 6 meses.
Na atual crise, o MSCI World Index recuou para os níveis do dia 27/01/2020 na data de 21/07/2020. Foram 201 dias, isto é, em menos de 7 meses ocorreu a recuperação.
Há um ponto essencial a ser ressaltado em relação a bolsa brasileira em reais, dado que devemos considerar a desvalorização da nossa moeda.
Muitos investidores estrangeiros realizam seus investimentos no exterior por meio de ETFs, fundos de índice negociados em bolsa, e que são oferecidos nas bolsas do mundo inteiro. São diversos os ETFs segmentados por países acessíveis ao investidor, caso possua uma conta lá fora. Se trata de uma forma simples de obter uma diversificação internacional e que investem nas principais ações de vários países.
Ademais, todos os ETFs de países são cotados em dólares o que facilita comparar a recuperação de cada uma delas. Inclusive a maioria desses ETFs paga dividendos, ou seja, compartilham com seus investidores os lucros que recebem das empresas.
Exemplificando, quando o investidor adquire o ETF EWG, equivale investir em uma carteira com mais de 60 ações das principais empresas negociadas na bolsa alemã: “Adidas”, “Volkswagen”, “Bayer”, são algumas delas. Assim sendo, ao comprar o ETF EWZ, seria a mesma coisa que investir numa carteira com mais de 50 ações das principais empresas negociadas na B3.
Entendendo o EWZ
O EWZ tem um comportamento semelhante ao Ibovespa, porém, dolarizado. Dessa forma, se observarmos, mesmo com toda a recuperação que tivemos na B3 após o mês de outubro, ainda enxergarmos um acumulado negativo neste índice de aproximadamente -20% no ano.
Aliás, o nosso resultado foi o pior das américas e ainda seguimos distantes da recuperação em dólares. Somente os ETFs SPY – EUA, EWC – Canadá, ARGT – Argentina acumulam alta neste ano, isto é, as principais ações desses países alcançaram preços mais elevados do que tinham no início de 2020. As bolsas asiáticas foram as que menos sofreram com a crise em 2020.
No que se refere ao ETF da Argentina, a alta se explica devido à grande participação nas ações do “Mercado Livre”, cuja empresa é gigante no comércio eletrônico e que tem suas ações negociadas nas bolsas americanas. Quanto ao EWZ, que reflete o Ibovespa, este tem uma grande concentração em ações do setor financeiro (bancos) e empresas de materiais básicos como o minério e o petróleo.
Em suma, o Brasil – EWZ continua na última colocação, inclusive se compararmos seu desempenho com os ETFs de países do Oriente Médio e África.
Como dito anteriormente, o ETF brasileiro (EWZ), negociado em dólares, teve o pior desempenho entre todos os ETFs de países em 2020 e ainda está no seu processo de recuperação. Bem ou mal, é assim que os investidores dos demais países enxergam o Brasil neste momento.
O real foi a moeda que mais perdeu valor em 2020, embora tenha recuperado parte desde novembro de 2020, momento em que dólar se desvalorizou perante outras.