Como investir em um mundo em transformação 

28 de setembro de 2023

Em um mundo interligado (seja pelos meios de comunicação e transporte cada vez mais eficientes ou pelas cadeias globais de valor interconectadas) e caracterizado pela progressiva ascensão de potenciais desafiantes à hegemonia dos EUA, a dinâmica das relações internacionais tem um impacto profundo nas decisões de investimento e nas perspectivas econômicas globais.

Sobretudo nos últimos anos em que experimentamos um desgaste do processo de globalização à medida que temas de segurança internacional passam a ter precedência sobre o fluxo eficiente de bens e serviços. Isso fica evidente ao considerarmos, por exemplo, a crescente tensão comercial entre os Estados Unidos e a China que tem gerado repercussões imediatas nos mercados financeiros globais.

Neste cenário, vale explorar como as mudanças estruturais da política internacional podem redefinir as estratégias globais de investimentos, moldando o comportamento dos investidores e influenciando a estabilidade dos mercados financeiros a nível mundial. 

Qual o atual cenário? 

Atualmente, muito se discute acerca do possível surgimento de uma estrutura multipolar, na qual vários Estados competem por cada vez mais influência e recursos, em busca de se tornarem potências mundiais. Esse fenômeno é impulsionado, em grande parte, pelo crescimento econômico de países como a China e a Índia, que se tornaram cruciais no cenário internacional, para além da relevância geográfica e populacional (somados correspondem a quase 1/3 da população mundial). Isso cria um ambiente geopolítico complexo, com uma rede de alianças e rivalidades que influenciam diretamente os mercados financeiros. 

A ascensão da China, em particular, tem sido um ponto focal. O país asiático se tornou a 2ª maior economia do mundo e desempenha um papel vital nas cadeias de suprimentos globais (sendo considerada a “fábrica do mundo”).

Porém, em função da disputa cada vez mais acirrada, a China busca avançar sua indústria de semicondutores e reduzir a dependência de parceiros comerciais em relação ao dólar norte-americano. EUA e China estão aumentando seus gastos em defesa, cibersegurança, lançamentos espaciais e comunicações, fatores que têm impacto direto nos mercados financeiros globais. Ademais, à medida que essa reorganização econômica e geopolítica se desenrola, geografias como Índia, México e Sudeste Asiático podem ser beneficiados pelos esforços de reestruturação de empresas multinacionais. 

Por sua vez, os Estados Unidos, na busca por maior independência econômica e mitigação dos riscos na cadeia de suprimentos, tem explorado movimentos de “nearshoring” e “friend-shoring”. Esse processo envolve a busca de aliados e vizinhos para garantir o acesso a suprimentos estratégicos e atender às necessidades para manutenção e desenvolvimento da sua estrutura produtiva (a exemplo das tecnologias de energia limpa, carros elétricos, bateria e semicondutores). Tal circunstância tem o potencial de criar uma nova dinâmica nos mercados globais, sendo uma possível oportunidade para investidores explorarem este movimento e se beneficiarem com eventual realocação estratégica de recursos. 

Apesar dos argumentos a favor da multipolaridade, há quem defenda uma visão bipolar do poder global, com os Estados Unidos e a China se destacando como as duas principais (e únicas) superpotências1. Isso se baseia na ideia de que, apesar de existirem várias potências regionais em ascensão, as relações geopolíticas continuam sendo dominadas pela competição entre os Estados Unidos e a China e os eventos políticos entre ambos teriam um impacto preponderante nos mercados globais. 

Investindo em um Mundo de Incertezas 

Dada a complexidade das interações entre fatores internacionais e mercados financeiros, como os investidores podem tomar decisões informadas em um mundo tão incerto? A resposta está na diversificação e na análise cuidadosa. 

Diversificação: diversificar o risco é uma estratégia fundamental para lidar com a volatilidade do mercado. Ao investir em uma variedade de ativos, de diferentes classes e regiões geográficas, os investidores podem reduzir o impacto de eventos políticos específicos em seus portfólios. Uma abordagem equilibrada e descorrelacionada pode ajudar a minimizar perdas potenciais. 

Análise: uma análise cuidadosa é essencial. Isso inclui acompanhar as notícias políticas relevantes, entender as implicações econômicas de eventos internacionais e buscar orientação de profissionais financeiros. A análise fundamental de empresas e setores também desempenha um papel crucial na tomada de decisões de investimento. 

Horizonte de Investimento: Eventos políticos podem causar flutuações de curto prazo nos mercados, mas os investidores que têm um horizonte de investimento a longo prazo podem suportar essas oscilações. Em muitos casos, a volatilidade é temporária, e os mercados tendem a se recuperar ao longo do tempo. 

Conclusão 

Em um mundo multipolar ou mesmo em uma visão bipolar do poder global, eventos internacionais têm um impacto relevante na estratégia global de investimentos. A ascensão de potências globais, como a China, e as decisões políticas em constante mudança geram volatilidade nos mercados financeiros. No entanto, os investidores podem navegar nesse ambiente incerto por meio da diversificação, análise cuidadosa e uma visão de longo prazo. 

Embora seja impossível prever todos os movimentos da política internacional e seus efeitos nos mercados, estar bem-informado e adotar uma abordagem diversificada pode ajudar os investidores a tomar decisões mais sólidas e assertivas diante das adversidades. Afinal, as mudanças do cenário econômico e volatilidade dos mercados são uma constante, mas aqueles que se adaptam e se preparam podem colher bons frutos ao longo do tempo. 

Para isso, conte sempre com o apoio e assessoria da ONE Investimentos. 

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