O que esperar da inflação em 2021

22 de janeiro de 2021

A inflação fechou 2020 com um acumulado de 4,52%, um pouco acima da meta para o ano e maior que os 4,31% de 2019. Entretanto, pôde-se observar uma diferença nos grupos – de produtos e serviços – que apresentaram as maiores altas de 2019 para 2020.

O isolamento social e o home office provocaram uma demanda maior por produtos relacionados à habitação, como materiais de construção e reforma, artigos de limpeza, aluguéis, condomínios, entre outros. O grupo “Residência” também apresentou expressiva alta em aparelhos eletrodomésticos, utensílios, computadores etc.

Todavia, nada se se compara a disparada dos preços de alimentos, aumentando em mais de 14%. Vale lembrar que esta categoria está baseada em commodities, que possuem seus preços definidos internacionalmente e cotados em dólar. Isto quer dizer que produtos agrícolas são negociados nas bolsas de valores de todo o mundo através de contratos futuros dolarizados.

Dito isto, podemos afirmar que as economias globais foram impactadas pela alta no preço dos alimentos e o Brasil sofreu mais dado o enfraquecimento de sua moeda. Isto ocorreu não só pela elevação internacional dos preços dos produtos, mas também pelo fato de brasileiros precisarem de mais reais para comprar produtos dolarizados.

Por outro lado, a vantagem dessa situação se dá pelo fato de nosso país ser um grande exportador de alimentos. Assim, com o real desvalorizado, os agricultores recebem mais dólares e consequentemente mais reais.

Os investidores têm a possibilidade de aplicar em ações de empresas que se beneficiam de uma alta nos preços das commodities. Além delas, existem ETFs (“Exchange Traded Funds”) que seguem o índice IMAT (Materiais Básicos), por exemplo, composto por ações de empresas que atuam no setor de commodities. Vale, Usiminas, Suzano, Klabin, entre outras, são algumas das companhias que fazem parte da carteira teórica do índice.

Quando a taxa básica de juros (taxa Selic) estava elevada, superar uma inflação de 0,50%, era relativamente simples. Contudo, a realidade atual é diferente. Obter ganhos acima da inflação nas aplicações de renda fixa está sendo possível por meio dos prefixados ou os que remuneram inflação + taxa, ainda dependendo da remuneração e momento de aquisição. Entretanto, vimos um cenário que os investimentos na poupança cresceram neste ano e, sua captação, ultrapassou R$ 1 trilhão em 2020 mesmo com rendimento de 0,12% ao mês.

Juro real negativo

O “juro real” se tornou um conceito muito importante no universo das finanças e tem sido citado cada vez mais nos últimos tempos, por conta da taxa Selic nas mínimas históricas.

De forma geral, o juro real nada mais é do que a remuneração do ativo menos a inflação. Ele serve para o investidor confirmar qual foi, de fato, o aumento ou a queda do seu poder de compra em determinada aplicação.

O ano de 2020 foi atípico, uma vez que o juro real está negativo no Brasil. Isto é, a inflação acumulada no período é maior do que a variação da taxa Selic.

Se compararmos os juros reais do nosso país e com as 20 principais economias do mundo, enxergamos que a inflação foi bem elevada para países de moeda fraca como o Brasil, Índia, Rússia, Turquia, África do Sul etc. Para nações como o Japão, a Suíça, e a Zona do Euro, a inflação foi negativa, ou seja, ocorreu deflação devido à valorização de suas moedas frente ao dólar. Isto quer dizer que os produtos vendidos no país valem cada vez menos e o dinheiro vale cada vez mais.

Para se obter o cálculo do juro real, basta deduzir a inflação da taxa básica de juros. No caso do Brasil e conforme mencionado acima, terminamos o ano com uma combinação de juros baixos e inflação alta que resultou em um juro real negativo de -2,41% nos últimos 12 meses.

Como ficará 2021?

Em relação a este ano, é preciso acompanhar qual será a situação de juros baixos e inflação elevada (juro negativo). Além do Brasil, nos EUA, existe a expectativa de que os juros se manterão baixos por mais tempo sem que o FED (Banco Central americano) se importe com a disparada da inflação. Inclusive no mundo todo espera-se uma alta nos preços caso haja uma rápida recuperação das economias após a vacinação. Existem alguns setores da economia que estão com preços estagnados, como despesas pessoais atreladas ao lazer, saúde e transportes que incluem passagens aéreas.

Caso o investidor queira aumentar o retorno de sua carteira a fim de superar a inflação, o mesmo precisa aumentar o seu risco. Mas, a parcela exposta deve ser aquela que não comprometa a vida financeira do investidor em caso de novos imprevistos durante este ano. Vale lembrar que essa quantia precisa ser bem alinhada de acordo com o perfil de cada um.

Por fim, é importante frisar que as pessoas físicas devem manter recursos em caixa ou uma reserva de emergência para que tenham tranquilidade. Por isso é necessário procurar o seu assessor de investimentos para uma escolha consciente.

O conteúdo acima exposto possui finalidade meramente informativa/educativa, desta forma não deve ser compreendido como oferta ou recomendação de serviços ou produtos. A One Agentes Autônomos de Investimentos Ltda é uma empresa de agentes autônomos de investimento devidamente registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na forma da Instrução Normativa nº 497/11.

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