A última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de março, surpreendeu o mercado financeiro ao subir a taxa Selic em 75 bps (pontos-base) para 2,75% a.a., apesar de tal aumento já ter sido esperado por especialistas.
O comitê também julgou que, a despeito da aprovação de reformas importantes, os riscos fiscais de curto prazo seguem elevados, implicando viés de alta em suas projeções. Para a próxima reunião, o comitê continua antecipando outro ajuste de mesma magnitude, mas lembrou que essa visão pode ser alterada.
Vale lembrar que a taxa básica de juros (Selic) define a rentabilidade dos investimentos pós-fixados. Mas de que forma ela interfere na rentabilidade dos demais investimentos?
O último ciclo de alta…
O último ciclo de alta iniciou em abril de 2013 quando o juro passou de 7,25% a.a. para 7,50% a.a., terminando em julho de 2015, quando o juro subiu pela última vez atingindo 14,25% a.a.
Neste período, a diferença entre a Selic e a inflação ficou entre as menores já registradas. Por sua vez, o governo na ocasião tentou bloquear a inflação interferindo nos preços dos combustíveis e da energia elétrica.
O efeito foi uma disparada do IPCA que atingiu mais de 10,70%, levando o Banco Central a elevar a Selic até 14,25% a fim de frear a inflação.
Nessa época era possível adquirir investimentos de renda fixa nos bancos com remuneração de 18% a.a. Além deles, títulos públicos como o Tesouro IPCA, chegaram a remunerar IPCA + 8% a.a.
Investimentos pré-fixados e atrelados à inflação
Vimos que recentemente a inflação chegou a patamares bem acima da Selic. Ou seja, investimentos pós-fixados passaram a pagar juros reais negativos, uma vez que o juro pago era menor do que a inflação do período. Entretanto, os juros pré-fixados estão elevados.
Como exemplo disso, vimos que em março de 2021 o Tesouro Prefixado com vencimento em 2026 chegou a remunerar 8,09% a.a. No pior momento da crise no ano passado, este mesmo título chegou a pagar 9% a.a.
Quando temos uma Selic em baixa e os juros futuros elevados, o mercado acredita na alta da inflação e dos juros no futuro. Dessa forma, para que haja compradores para os títulos prefixados, estes precisam ser oferecidos por rendimentos maiores e consequentemente preços menores.
As taxas e preços dos títulos prefixados e dos IPCA+ dependem muito das expectativas em relação ao futuro. Se o ciclo de alta dos juros for considerável para controlar a inflação, as expectativas de juros mais altos no futuro devem cair. Se a alta for insuficiente para controlar a inflação, na visão do mercado, o juro futuro tende a ficar elevado. Tais expectativas podem ser acompanhadas pelos investidores através do comportamento das curvas de juros.
Se houver uma expectativa de que a inflação será maior no futuro, as taxas espelharão essa inflação mais um prêmio pelo risco. Assim quanto maior o risco ou inflação no futuro, maior tende a ser a taxa dos títulos mais longos.
Torna-se interessante aplicar em títulos prefixados ou IPCA+ quando o mercado está pessimista com relação a alta da inflação, dado que os títulos são negociados com taxas elevadas e preços descontados.
Poupança e Tesouro Selic
De acordo com a regra de remuneração da poupança, esta diz que ela renderá 70% da meta da taxa Selic a.a., enquanto a meta ao ano for igual ou inferior a 8.5% a.a.
Exemplo, caso a Selic atinja o patamar de 4% a.a., a poupança renderá 2,80% a.a. dado que representa os 70% de 4%. Quando trazemos esta taxa ao mês, teremos a rentabilidade de 0,2304% a.m.
Quanto ao Tesouro Selic, a taxa que rentabiliza tal título é levemente menor que a meta da taxa Selic e muito próxima ou igual ao CDI. Normalmente a taxa Selic é 0,10 pontos a menos que a meta.
Ademais, precisamos considerar que o Tesouro Selic pode, porventura, remunerar uma taxa adicional além da taxa Selic.
Renda Variável
Se as expectativas forem de alta em relação aos juros e inflação futura, podemos ter uma redução na atratividade dos ativos de renda variável como os fundos imobiliários e ações.
Por sua vez, se o ciclo de alta da taxa Selic for aceitável para manter a inflação controlada e consequentemente reduzir as expectativas futuras sobre inflação e juros elevados, essa categoria tende a se beneficiar.
Em relação ao novo ciclo de alta de juros anunciado recentemente pelo Banco Central, muitos investidores podem considerar que os rendimentos entregues por estes produtos tendem a perder espaço em comparação a renda fixa.
Porém, por mais que a Selic chegue nos 5% a.a. no final de 2021 conforme as novas previsões do mercado, ainda existem empresas listadas que pagam em torno de 8% a.a. de dividendos, além da possibilidade de ganho com a valorização desses papéis.
É recomendável que o investidor analise caso a caso e todos os riscos ao se investir num ativo de renda variável, afinal, se trata de uma aplicação com maiores oscilações e com possibilidade de perdas. Por isso, conte com seu assessor de investimentos para uma escolha consciente.
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