Não é incomum que, apesar de aplicar há um certo tempo, o investidor ainda se esqueça de analisar um parâmetro fundamental: o rendimento real. A culpa, claro, não é dele; afinal, uma série de taxas, impostos, descontos e outros valores fazem parte da composição de uma aplicação.
Calcular tudo isso pode parecer complicado, mas, na verdade, não é. Principalmente se o investidor souber utilizar uma calculadora de investimentos, ferramenta essencial para entender o verdadeiro valor do investimento.
Sem ter conhecimento do rendimento real de uma aplicação, não há como saber se o seu patrimônio aumentará a longo prazo. Quer aprender? Então, siga a leitura!
Como a calculadora de investimentos funciona?
Podemos dizer que uma calculadora de investimentos é um simulador capaz de ajudar o investidor a fazer comparações sobre as aplicações de seu interesse. Sendo assim, ela faz uma espécie de projeção pegando informações como o tipo de investimento, se ele é pós ou prefixado, o valor de aplicação inicial e mensal, o prazo ou vencimento e a taxa de rentabilidade ao ano.
O que é considerado na hora do cálculo, como valor bruto, taxas e impostos?
De maneira geral, as instituições financeiras, como bancos e corretoras, não costumam apresentar o valor real do investimento. Apesar de mostrarem o que chamamos de “bruto”, essa não é a quantia que efetivamente será sacada pelo investidor. Existem outros fatores que influenciam bastante o que será recebido, e aqui vamos apresentar quais são.
Imposto de Renda
Investimentos como o Tesouro Direto, CDBs, fundos de renda fixa ou multimercado sofrem a cobrança do Imposto de Renda. Geralmente, é utilizada uma tabela regressiva:
- 22,5% até seis meses;
- 20,0% de seis meses a menos de um ano;
- 17,5% de um ano a menos de dois anos;
- 15% após dois anos.
Em caso de investimentos em que há a cobrança de IR, o tributo vai incidir não sobre o valor aplicado inicialmente, mas sobre quanto ele rendeu. Por exemplo, se você investiu R$ 2.000.000 e o ganho bruto foi de 10% (R$ 200.000,00), o imposto será descontado no lucro bruto, ou seja, R$ 200.000,00.
Suponhamos que o saque tenha sido feito após um ano. Nesse caso, o valor do imposto é 17,5% ou R$ 35.000,00. O ganho real será R$ 200.000,00 – R$ 35.000,00 = R$ 165.000,00.
Custos da instituição financeira
Outro fator importante para se analisar são os custos da instituição financeira. Algumas podem cobrar taxas de corretagem, custódia, entre outras. Esses valores devem ser descontados inicialmente. CUIDADO! A maioria dos bancos cobram altas taxas!
O Tesouro Direto, apesar de ser um título de governo, tende a ter a cobrança de taxa de custódia de 0,2%. Esse custo, diferente do IR, vai cair sobre o que foi aplicado inicialmente, e não sobre o rendimento. Alguns bancos ainda cobram um adicional em cima dos 0,2%!
Taxa CDI
Boa parte dos investimentos utilizam algum tipo de taxa como referencial. Os de renda fixa, por exemplo, podem utilizar a Taxa Selic, se forem títulos do governo.
Já os títulos privados costumam usar a taxa CDI. Ela tem origem na média dos juros cobrados das transações bancárias internas. Curiosamente, ambas as taxas sempre estão com um valor aproximado, mas o CDI sempre será pouca coisa menor que a taxa Selic vigente.
Inflação
A inflação é o poder de compra do brasileiro ao longo do tempo, dessa forma, se ela está alta, o valor do dinheiro é menor. No Brasil, há dois índices que estão atrelados a ela: o IPCA e o IGPM. O que é importante saber sobre eles é que alguns investimentos podem utilizá-los para basear sua rentabilidade, como títulos do Tesouro Direto (NTNs), CRI, CRA, Debêntures etc.
Além disso, há o fato de que, como ela está relacionada ao poder do dinheiro naquele período, é fundamental descontá-la, para saber se o lucro da aplicação ainda está valorizado.
Quais são os cálculos de investimentos que você precisa conhecer?
Vamos conhecer, agora, 4 tipos de cálculo de investimentos. Entenda!
1. Tesouro IPCA
Vamos entender o cálculo do Tesouro Direto atrelado à inflação, ou Tesouro IPCA. Como a inflação é um índice que depende do mercado, o principal ponto aqui é avaliar quais são as projeções a longo prazo, não só de meses, mas, também, anos. O Banco Central publica, toda segunda-feira, um boletim que informa sobre isso, chamado Focus.
Atente para que, quanto mais longo for o vencimento do título, mais distante deverá ser a projeção analisada. Por exemplo: supomos que você tenha escolhido um título do IPCA que vencerá em 2022, e a taxa é de 4%.
A projeção mais distante encontrada é de 2021, em que a previsão é que a inflação será de 3%. Para saber qual será o rendimento real, é preciso somar o valor da projeção (3%) com o valor da taxa (4%), logo:
3% + 4% = 7% ao ano.
2. CDB
Assim como o Tesouro Direto, o CDB (Certificado de Depósito Bancário) é uma aplicação de renda fixa que se baseia na taxa CDI. Para calcular, é preciso entender algumas coisas. Primeiro, que, em média, o CDB tem um rendimento que costuma passar do 100% da CDI. Sendo assim, imagine um CDB em que a rentabilidade seja 120% da CDI e que a taxa esteja em 7% ao ano. O cálculo fica assim:
7% (taxa CDI) x 1,2 (120÷100) = 8,4%
3. CRA e CRI
Os certificados de recebíveis imobiliários ou do agronegócio são investimentos de renda fixa que funcionam de uma forma bem interessante. Uma empresa de algum desses dois setores, vamos imaginar que seja de imóveis, procura um banco ou uma cooperativa para fazer um financiamento. A instituição, para ceder o crédito, cobra uma taxa de 15% ao ano durante 36 meses.
Como o banco não quer esperar até o final do prazo, ele procura uma securitizadora para emitir um certificado de recebíveis, que será como um título representante da dívida. A empresa vende o CRI para os investidores, e eles recebem pelos juros do período.
Como cada certificado pode ter uma remuneração diferente, é possível encontrar CRAs e CRIs que são: Prefixados, Pós-fixados, Pós-fixados + taxa fixa e Inflação + taxa fixa.
4. Fundos de investimentos
Existem diferentes tipos de fundos de investimentos (renda fixa, renda variável, multimercados, etc), porém, vamos atentar para alguns princípios para calculá-los. Vamos ver um exemplo.
Imagine um fundo em que a taxa de administração é de 1%, com aplicação mínima de R$ 500,00 e rentabilidade de 10% ao ano. O IR também deve ser considerado, e, nesse caso, ele é de 17,5%, já que o interessado fará o resgate em menos de 2 anos. Ainda, é preciso levar em conta a inflação, que, no período, está prevista para ser de 4%. Sendo assim, temos:
Aplicação mínima: R$ 500
Rentabilidade prometida: (10% a.a.) R$ 100
IR (17,5% a.a.): R$ 17,50
Inflação (4%): R$ 40
Taxa de Administração (1%): R$ 10
Resultado final: R$ 500 + R$100 – R$ 17, 50 – R$ 40 – R$10 = R$ 532,50
Ou seja, pegamos a aplicação inicial e somamos a rentabilidade, depois, descontamos o imposto , a inflação e a taxa de administração. Assim, temos o resultado.
Cuidado com o come-cotas! Alguns fundos tem e outros não. Na prática, acaba sendo uma “antecipação” do imposto de renda feita pelo governo, sempre no último dia útil de maio e novembro!
Qual é a fórmula para cálculo da rentabilidade real?
Não é necessário ter em mãos uma supercalculadora para saber a rentabilidade real de um investimento. No tópico anterior, apresentamos algumas particularidades a respeito de certos investimentos.
Porém, de uma forma geral, com uma calculadora comum e algumas informações sobre a aplicação, como a taxa e o valor da inflação, já é possível fazer essas contas. Aqui, separamos os principais passos que você deverá seguir.
Vamos começar pela fórmula:
{[(1+ valor líquido) ÷ (1+ inflação)]- 1} x 100
Uma consideração sobre essa fórmula é que tanto o valor líquido quanto a inflação devem estar em decimais.
Agora, imagine uma aplicação em que o valor líquido é de 15%, e a inflação está 5% ao ano. Então, temos:
{[(1+ 0,15) ÷ (1+ 0,05)]-1} x 100
Depois, é só somar 1 aos valores decimais, ficando:
{[(1,15) ÷ (1,05)]-1} x 100
Dividir ambos e subtrair 1:
{1,0952-1} x 100
O resultado é a diferença multiplicado por 100:
0,0952 x 100 = 9,52%
Então, a rentabilidade real do investimento será 9,52%.
Bem, podemos perceber como é necessário avaliar todos os fatores de uma aplicação (principalmente, aqueles que parecem não relacionados diretamente com ela, como é, em alguns casos, a inflação) para saber qual é o seu real rendimento.
Esperamos que este texto tenha esclarecido sobre a calculadora de investimentos e, também, sobre as principais variáveis da rentabilidade real nas aplicações. Gostou? Então, siga-nos no Facebook, Instagram e LinkedIn!
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