Nos últimos meses, a disparada da inflação nos EUA tem sido bastante comentada. E você, investidor, sabe o que isso de fato significa? Qual a relação dos treasuries e da inflação americana com o nosso mercado?
Primeiramente, podemos definir os “treasuries bonds” como sendo os títulos de dívida emitidos pelo governo americano, com o intuito de arrecadar recursos e financiar a dívida nacional dos Estados Unidos.
Os governos não geram riquezas, eles apenas tomam e tributam os bens gerados por sua população e com isso pagam suas dívidas no futuro. Quanto mais patrimônio a sociedade de um país gera, maiores serão os recursos arrecadados pelo estado.
Mas, antes de aprofundarmos no tema, é importante recordar que quando o investidor adquire títulos públicos de um país, este está emprestando seus recursos para o governo e receberá em troca, algum pagamento em forma de juros.
Como funcionam os treasuries americanos?
Os treasuries americanos são títulos públicos demandados por todas as classes de investidores, desde o pequeno, passando por instituições financeiras e até governos de outros países. Eles devem ser entendidos como títulos de dívida em que o investidor passa a ter o direito de receber do governo dos EUA, o valor investido no título somado aos juros pagos em dólares.
Em relação às reservas internacionais que o governo brasileiro possui, grande parte delas estão na forma de títulos públicos americanos. Atualmente nosso governo é o quinto maior detentor de treasury bonds entre todas as nações do mundo. Já o Japão e a China são os dois países que mais emprestaram recursos ao governo dos Estados Unidos nos dias de hoje.
Ao invés de guardar uma grande quantidade de dólares como reserva internacional que não rendem juros, muitas vezes os países optam por guardar títulos públicos americanos que acumulam juros e podem ser vendidos no mercado internacional com grande facilidade, se houver necessidade de liquidação.
Os treasuries muitas vezes são vistos por investidores estrangeiros como uma forma de realizar uma proteção em tempos de crise. À frente de uma crise local, a moeda nacional tende a perder valor diante do dólar. Se tratando de crises globais, os investidores assimilam que a economia mais forte é a americana e que por isso, possuem as melhores condições para uma recuperação mais rápida.
Disparo dos juros e inflação americana
Nesses últimos tempos vimos que os juros dos treasuries e inflação americana dispararam. Mas o que de fato significa?
A inflação alta nos Estados Unidos indica que o Banco Central americano talvez tenha que fazer aquilo que alguns países emergentes, como o Brasil, já fizeram: elevar suas taxas de juros e repensar sua política monetária.
O sistema de inflação americano também tem uma meta, mas, ao contrário do que acontece no Brasil, não existe um teto ou um piso para o índice. No caso do FED, o banco central americano persegue uma taxa anualizada média de 2% ao ano.
Em Março, o Fed começou o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, ao elevar a taxa em 0,25 %. No mês de maio, subiu 0,5% e, em junho, fez a maior alta nos juros desde 1994: 0,75%.
Especialistas avaliam que uma nova alta deve ocorrer em breve, reforçando as previsões de recessão na maior economia do planeta. A decisão do Fed afeta outras economias, os mercados acionários no mundo e a cotação do dólar frente a outras moedas.
E o que o Brasil tem a ver com isso?
A inflação americana elevada interfere na nossa própria cadeia produtiva e acaba interferindo nos preços.
De forma geral, a disparada da inflação leva o mercado financeiro a mudar sua percepção de aumento para a trajetória dos juros nos países desenvolvidos e assim, leva a entender que os recursos disponíveis devem buscar o risco mais baixo que agora poderá oferecer um melhor retorno.
Dessa forma, caso ocorra outro aumento por parte do Federal Reserve, o esperado é que Bancos Centrais como o do Brasil tenham que arrumar a casa. Isto é, deixar o país mais atrativo para o capital estrangeiro – o que significa juros ainda mais altos por aqui.