Dentre as várias estratégias para se investir no mercado e para definir qual será a porcentagem de cada ativo de sua carteira, a paridade de risco é, muitas vezes, a preferida daqueles que precisam lidar com investimentos com tendências à volatilidade.
Surgida no início dos anos 1990, esse método teve o seu boom quase 20 anos depois, na crise de 2008, justamente porque se saiu muito bem como prancha de salvação para os investidores da época.
Ainda é possível encontrar não só amantes desse método, como também fundos que o utilizam para escolher os ativos de sua carteira. Pensando em explicar um pouco mais sobre essa estratégia, neste artigo você vai saber tudo o que precisa sobre paridade de risco. Entenda!
O que é paridade de risco?
É uma estratégia que se baseia no nível de risco para fazer a alocação de ativos. Dessa forma, é possível que cada aplicação contribua, em termos de risco, igualmente para o equilíbrio da carteira. No entanto, não é como se os ativos tivessem a mesma importância, eles apenas auxiliam o portfólio a estar mais equilibrado em relação ao risco.
Como ela funciona?
A principal característica dessa estratégia é que o foco não é necessariamente a capacidade de retorno dos ativos.
A base é o risco, portanto, além de evitar que aconteçam erros de cálculo, o objetivo é formar um portfólio que atenda ao nível que o investidor suporta, equilibrando o retorno com o risco necessário. Assim sendo, nunca se gera uma composição igual — é sempre uma cesta de ativos únicos, específicos para quem aplica.
É muito comum que fundos multimercado utilizem essa técnica para definirem sua composição, já que se fundamentam em uma tática quantitativa.
Por que é importante?
Por muito tempo, a diversificação foi um objetivo bastante difundido para o mercado. No final dos anos 1950, o economista Harry Max Markowitz trouxe esse termo à tona.
A ideia de Markowitz era medir o risco pela matriz de covariância para conseguir equilibrar os riscos e os retornos. Contudo, na prática, esse método trazia carteiras pouco variadas e sofriam bastante desequilíbrio quando eram adicionados novos ativos.
A importância da estratégia de paridade de risco se dá pelo fato de termos uma alocação tal onde cada ativo contribui de maneira equivalente para o risco da carteira, o que não necessariamente se resulta em uma alocação igual em cada ativo, em percentual.
Quais os principais fundos que aplicam a paridade de riscos?
Conhecidos como fundos de risco, são fundos de investimentos que utilizam a combinação de títulos, ações e outras aplicações. Entretanto, as ações escolhidas são aquelas com mais riscos para auxiliar na determinação do retorno do investimento como um todo, justamente por sua volatilidade. Vamos conhecer os principais!
All Weather Fund
Disponibilizado pela empresa Bridgewater Associates LP, o maior fundo multimercado do mundo, All Weather Fund é voltado para paridade de risco e foi lançado no ano de 1996. A estratégia principal foca em uma abordagem que mescla radicalidade com transparência.
AQR Risk Parity Fund
Esse é um fundo americano administrado pela AQR Capital Management LLC, empresa responsável por outros 15 fundos. É um investimento de abrangência global que tem em sua composição ações, moedas, títulos e commodities. Sua estratégia se baseia em trazer retorno ideal por meio do equilíbrio dos riscos.
Horizon Global Risk Parity
Esse ETF tem como estratégia balancear a volatilidade de acordo com o risco. Utiliza principalmente ativos negociados em bolsa para obter exposição a um portfólio de classes de ativos globais, com foco na quantidade prevista de risco que cada investimento contribui individualmente.
Como criar um portfólio de fundos com paridade de risco?
Usar alavancagem
A alavancagem é, de uma maneira simplificada, a utilização de recursos ainda não conquistados pelo fundo para multiplicar seu resultado. Basicamente, é como se o investidor pegasse recursos emprestados para investir mais.
Ela também pode ser uma das formas como a paridade de risco consegue controlar o risco de uma carteira. É por ela que essa estratégia reduz e varia um pouco mais o nível de risco. Inclusive, se utilizada da maneira certa, pode ajudar a diminuir a volatilidade de ativos de renda variável como as ações. Isso acontece porque a alavancagem consegue distribuir o mesmo risco em todos os componentes da carteira.
Analisar risco e retorno
A análise de risco e retorno é basicamente o conjunto de estudos e técnicas que ajudam a entender melhor o comportamento de um investimento. Dentre esses métodos, a correlação tanto ajuda a avaliar o risco e o retorno como pode facilitar a composição da carteira de acordo com os fundamentos da paridade de risco.
Basicamente o que se faz é medir, por dados históricos, a valorização de dois ativos utilizando o intervalo entre -1 e +1. Sendo assim:
- -1 significa que há uma relação inversa — quando um aumenta o outro diminui;
- +1 indica que existe um equilíbrio entre os valores dos ativos — no momento em que um aumenta o outro também aumenta;
- caso seja 0, não há relação entre eles.
Apesar de ser difícil que as correlações sejam 100% positivas ou negativas, pode ser uma boa escolha ter mais investimentos com correlações -1, por exemplo, para melhorar a diversidade da carteira.
Atentar para a manutenção regular dos riscos
A verdade é que não é tão fácil implementar a paridade de risco por meio de alavancagem sem prestar atenção no reequilíbrio dos principais ativos. As aplicações que passaram pelo processo de alavancagem precisam ser regulados para que cada classe dentro do portfólio tenha uma volatilidade equilibrada.
Os derivativos, por exemplo, exigem ainda mais atenção do que as ações. Muitas vezes, será necessário investir mais em uns do que outros para manter o nível de risco. Para isso, a manutenção regular deverá ser sempre feita com o intuito de manter a carteira balanceada.
Acompanhamos, ao longo deste post, os principais conceitos sobre paridade de risco e como essa estratégia pode auxiliar na diversificação dos investimentos, contanto que se priorize a manutenção constante e a análise tanto dos riscos quanto do retorno.
Esperamos que este texto tenha sido útil para explicar o que é paridade de risco e aumentar o seu conhecimento sobre o mercado. Quer continuar aprendendo? Então assine agora a nossa newsletter!