A oscilação nos preços dos ativos é uma forte característica dos investimentos de renda variável como, por exemplo, as aplicações na bolsa de valores. Você provavelmente sabe, inclusive, que as cotações das ações podem tanto subir quanto cair num curto intervalo de tempo. Se isso ocorre com uma frequência razoável, é comum se dizer que o papel em questão tem alta volatilidade, devido ao sobe e desce dos valores.
Mas, se por um lado a oscilação na renda variável possibilita uma multiplicação de capital relativamente rápida, por outro envolve riscos maiores do que os existentes na renda fixa. Num cenário de taxa básica de juros alta e inflação baixa, os investimentos que oferecem ganhos regulares são atrativos. Porém, quando a Selic está baixa, o cenário fica desfavorável para esse tipo de aplicação.
Entenda, a seguir, os motivos da oscilação da renda variável nos últimos anos e saiba se vale a pena investir na bolsa de valores ou, diante dos juros baixos, na renda fixa!
Por que a bolsa de valores é volátil?
Na renda fixa, em grande parte dos casos, os ganhos são regulares. Logo, o investidor tem certa previsibilidade sobre o retorno das aplicações. Ele pode até não saber exatamente quanto receberá no fim de determinado período, mas conhecerá de antemão a maneira como será remunerado, por exemplo, pela taxa Selic, pelo CDI, pelo IPCA (índice oficial de inflação), etc.
Já na renda variável até pode existir certa previsibilidade, com a ajuda da análise gráfica das cotações dos ativos, mas o grau de incerteza é muito maior em comparação com a renda fixa. Logo, nessa classe de investimentos fica bem clara a máxima segundo a qual quanto maiores os riscos, maior será o potencial de rentabilidade.
E por que essa volatilidade? Bem, na verdade, ela surge devido à percepção que os investidores têm do mercado acionário em geral e da empresa em questão. Como talvez você já saiba, a cotação de um ativo representa o acordo de preços entre vendedor e comprador.
Se alguém pede um valor acima da média por determinado papel, é provável que não consiga uma pessoa disposta a aceitar essas condições num cenário “normal”. Porém, se a companhia tem boa reputação no mercado e uma expectativa de crescimento nos próximos anos, é comum os compradores elevarem a oferta para adquirirem a ação.
Dessa maneira, a oscilação dos preços reflete as visões dos investidores acerca das companhias e a bolsa de valores como um todo. Nesse contexto, é importante ressaltar a chamada “assimetria de informação”, quando alguém sabe mais do que os outros sobre as condições da empresa.
Cabe destacar que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) proíbe a atuação do chamado insider trader, uma pessoa com informações privilegiadas do negócio, geralmente ligado à companhia, que faz uso desse diferencial para se beneficiar financeiramente.
Porém, não se pode negar que a assimetria de informação também pode existir pelo nível de conhecimento que cada investidor tem a respeito da companhia. Afinal, as empresas listadas em bolsa divulgam a cada trimestre as suas respectivas demonstrações contábeis.
Logo, um investidor que conhece de contabilidade e que analisa os vários indicadores econômicos do negócio terá uma visão mais fundamentada da companhia do que um leigo no assunto. Por consequência, esses diferentes níveis de compreensão da empresa também podem gerar diferenças na hora de se definir o preço de compra e de venda de uma ação, concorda?
Quais os principais fatores que geraram oscilação na bolsa nos últimos anos?
Como você já sabe, o cenário econômico interfere nas cotações dos ativos negociados em bolsa. Isso ocorre diariamente. Contudo, alguns movimentos de alta ou de baixa são mais marcantes, se considerados no horizonte de médio e longo prazo.
Quem estuda a análise técnica ou gráfica, já deve ter ouvido falar na Teoria de Down. Por meio dela, é possível compreender que existem três tendências de preços: a primária, a secundária e a terciária.
Assim, ao observar o gráfico dos preços no horizonte de dez anos ou mais décadas, você observará a tendência primária. Se filtrar a análise e escolher um prazo de poucos anos, enxergará a tendência secundária. Por fim, se o gráfico mostrar as cotações de alguns meses ou semanas, é possível ver a tendência terciária.
No caso do Brasil, quando são observados os dados do Ibovespa (o principal indicador de ações do mercado nacional), nota-se que eles apresentam uma tendência de alta no horizonte de décadas. Isso se caracteriza por topos e fundos ascendentes no gráfico.
Ainda assim, se você der um “zoom” no gráfico dos preços, perceberá algumas tendências secundárias de baixa, marcadas por topos e fundos descendentes.
É importante destacar que essas oscilações podem ocorrer tanto por fatores do exterior, como a crise econômica do subprime, de 2008, iniciada nos Estados Unidos, quanto por acontecimentos internos, como a eleição presidencial de 2002 e o impeachment de 2016.
Nesses três eventos, principalmente, houve queda expressiva no Ibovespa. Porém, percebe-se também uma forte alta nos momentos que sucederam esses acontecimentos, com consequente lucratividade significativa para quem comprou na baixa e vendeu na alta.
Vale a pena investir em renda variável com a Selic em queda?
A taxa básica da economia, definida pelo Banco Central, caiu seguidamente de 14,25% ao ano desde outubro de 2016 até o menor patamar da história: 3,75% ao ano, a partir de março de 2020. Com isso, os investimentos de renda fixa perderam atratividade, ainda mais com uma inflação, medida pelo IPCA, de 4,31% em 2019.Não é à toa que nesse ano a bolsa brasileira, B3, ultrapassou a marca de um milhão de investidores pessoa física.
Em 1 de dezembro de 2019, em Wuhan, na província de Hubei, China começou a pandemia de COVID-19. E diante de tantas incertezas e notícias que se propagam mais rápido do que nunca, os mercados mundiais se comportam como uma montanha-russa, com os Estados Unidos ditando os trilhos. O que muitos veem como crise outros enxergam uma oportunidade para a janela de longo prazo.
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