É possível afirmar que quando o investidor adquire títulos públicos de um país, este está emprestando seus recursos para o governo e receberá em troca, algum pagamento em forma de juros.
Por sua vez, os governos não geram riquezas. Eles apenas tomam e tributam os bens gerados por sua população e com isso pagam suas dívidas no futuro. Quanto mais patrimônio a sociedade de um país gera, mais recurso o governo deste país arrecadará.
Diferentemente dos títulos públicos brasileiros, os norte-americanos são conhecidos como “treasury bonds” são considerados como um dos investimentos de renda fixa mais seguros do mundo.
EUA vs Brasil
Até o ano passado o PIB americano representou aproximadamente 18% da economia mundial, isto equivale a mais de US$ 20 trilhões/ano. De forma geral, o crescimento econômico dos Estados Unidos tem sido forte e consistente nas últimas décadas, ou seja, é uma fonte sólida de recursos para ser tributado pelo governo. Em paralelo, se olharmos para o PIB brasileiro vemos que ele é 10 vezes menor – menos de US$2 trilhões/ano.
Como o governo tributa a riqueza gerada pela sociedade, é mais seguro emprestar dinheiro para um país como os EUA ao invés do Brasil. Para justificar um investimento em títulos brasileiros, – um papel mais arriscado – seria necessário um “prêmio” maior, ou seja, rentabilidades mais atrativas em relação aos treasury bonds norte-americanos.
Juros menores nos Estados Unidos
Os treasuries americanos são títulos públicos demandados por investidores, desde o pequeno investidor, passando por instituições financeiras e até governos de outros países. Eles devem ser entendidos como títulos de dívida em que o investidor passa a ter o direito de receber do governo americano o valor investido no título somado aos juros pagos em dólares.
Em relação às reservas internacionais que o governo brasileiro possui, grande parte delas estão na forma de títulos públicos americanos. Atualmente nosso governo é o quinto maior detentor de treasury bonds entre todas as nações do mundo. Já o Japão e a China são os dois países que mais emprestaram recursos ao governo dos Estados Unidos nos dias de hoje.
Ao invés de guardar uma grande quantidade de dólares como reserva internacional que não rendem juros, muitas vezes os países optam por guardar títulos públicos americanos que acumulam juros e podem ser vendidos no mercado internacional com grande facilidade, se houver necessidade de liquidá-los.
Como investir em treasury bonds?
A maneira mais simples do investidor brasileiro negociar os títulos públicos americanos e de outros países é através dos chamados “ETFs” – Exchange Traded Funds, que são tipos específicos de fundos de investimentos negociados em bolsa.
Ao comprar um único ETF, o investidor adquire uma pequena parte de uma carteira que pode ser composta por diversos títulos públicos que possuem características específicas. Inclusive é possível negociar este produto através da operação internacional do BTG Pactual.
Entenda os principais títulos públicos americanos:
Treasury Bill ou T-Bill: São os papéis de curto prazo com vencimentos menores do que 1 ano. Eles funcionam como uma espécie de “Tesouro Prefixado”, porém emitido pelo governo americano e com prazos menores.
Treasury Note ou T-Note: São os títulos públicos de 2, 3, 5, 7 e 10 anos, sendo que a cada 6 meses os investidores recebem juros. Eles funcionam como o “Tesouro Prefixado com Juros Semestrais” que temos aqui no Brasil. A distinção é que lá fora existem muitos prazos de vencimentos oferecidos aos pequenos investidores.
Treasury Bond ou T-Bond: Equivalente aos títulos públicos de longo prazo com vencimentos para 20 ou 30 anos. O investidor recebe juros semestrais. Dado que o prazo é muito longo, o juro tende a ser um pouco maior, além de seu preço tender a sofrer as variações mais fortes antes do vencimento.
Floating Rate Notes: As “Notas de taxa flutuante” tem similaridade com o “Tesouro Selic”. É um tipo de papel recente nos EUA, visto que só começou a ser negociado em janeiro de 2014. Possui vencimento de dois anos.
Treasury Inflation-Protected Securities ou TIPS: Os TIPS são indexados à inflação, com a finalidade de proteger o investidor de uma queda no poder de compra de seu dinheiro. Ainda que a a inflação nos EUA seja pequena, os governos permitem que a inflação se eleve quando existe a intenção de promover o crescimento econômico.
Vale a pena investir em títulos americanos?
Pensar em investir em títulos americanos é equivalente a investir em dólares com a vantagem de receber juros por isso, apesar de serem juros baixos.
Vale reforçar que os juros nada mais são do que um tipo de “prêmio pelo risco” quando emprestamos recursos. Os juros pagos pelos títulos americanos são menores, uma vez que o risco de o governo americano não pagar sua dívida é remota, além da grande capacidade de recolher impostos como visto anteriormente. Ademais, o governo dos Estados Unidos é o único que pode imprimir dólares.
Por fim, os treasuries muitas vezes são vistos por investidores estrangeiros como uma forma de realizar uma proteção em tempos de crise. À frente de uma crise local, a moeda nacional tende a perder valor diante do dólar. Se tratando de crises globais, os investidores assimilam que a economia mais forte é a americana e que por isso possuem as melhores condições para uma recuperação mais rápida.
Dado isso, investir na moeda americana comprando títulos públicos americanos ou até mesmo ETFs que investem nesses papéis, pode ser uma forma mais simples de realizar esse tipo de investimento sem precisar enviar dinheiro para o exterior.
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