Entenda a relação entre a inflação e o Tesouro IPCA+

17 de dezembro de 2020

Nesses últimos dias tivemos a divulgação do IPCA de novembro e mais uma vez o resultado surpreendeu: 0,89% m/m versus 0,78% no consenso do mercado. Em 12 meses o IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – ficou em 4,31% e trata-se do maior resultado para o mês de novembro desde 2015.

Inclusive, os fundos IMA-B, cujo índice foi criado pela ANBIMA e inclui praticamente todos os títulos Tesouro IPCA+, foram muito demandados nos últimos 4 anos graças a excelente performance.

Porém, qual é o melhor caminho para o investidor que deseja proteger seus investimentos dos efeitos nocivos da inflação? Seria aumentar a exposição em IPCA+?

Entendendo o título IPCA+

É possível acessar este título através dos títulos públicos – como o Tesouro IPCA+ – ou até mesmo de um crédito privado – como CRIs, CRAs, debêntures incentivadas.

Resumidamente, esse ativo rende uma taxa pré-fixada chamada de juro real, mais a variação do IPCA.

O que se imagina é que, se o IPCA subir, o papel renderá mais, retornando o seu poder de compra. Mas o investidor deve tomar alguns cuidados!

Primeiramente, é preciso relembrar que na renda fixa, a relação entre o preço do título e a taxa são inversamente proporcionais.

Como dito anteriormente, o IPCA+ é um título híbrido, dado que tem um componente pós-fixado – ou seja, a variação do IPCA – e um componente pré-fixado – o juro real.

O componente pós-fixado realmente faz o título render mais quando a inflação sobe e, quanto mais ela subir, maior será a atualização de preço da aplicação. Entretanto, a parcela pré-fixada poderá anular os ganhos com a alta do IPCA.

Assim sendo, se o aumento da inflação for tão grande a ponto de fazer os investidores esperarem novas altas de juros, o juro real desse título subirá.

Isso quer dizer que, neste caso, com a alta da parte pré-fixada, o investidor terá prejuízo em relação a marcação a mercado. Isto é, a alta do juro real causará a queda do preço de título.

Os fundos IMA-B

Conforme dito inicialmente, o IMA-B é um índice criado pela ANBIMA, e, inclui praticamente todas as NTN-Bs emitidas pelo Tesouro. As NTN-Bs são ativos conhecidos por Tesouro IPCA+.

Assim, como o IMA-B é composto por várias NTN-Bs, a performance do índice reflete diretamente na performance das NTN-Bs em geral. 

Ao analisarmos o comportamento do IMA-B, vemos que ele vinha apresentando uma performance positiva. Todavia, é muito importante que o investidor entenda de onde vinha esse resultado.

Conhecendo a marcação a mercado

Em 2012, quando Alexandre Tombini estava na presidência do Banco Central, as taxas de juros foram testadas a um patamar muito baixo para a época. Na leitura do mercado, a autoridade monetária estava exagerando na queda e começou a esperar inflação crescente no futuro. A inflação começou a subir a partir de 2012 chegando ao pico de aproximadamente 10,67% em 2015.

Por sua vez, a taxa do Tesouro IPCA+50 também subiu forte em 2013 antecipando a alta da inflação e a necessidade de juros maiores. Inclusive se olharmos a rentabilidade deste título, o mesmo teve uma queda de mais de 30% em seu preço. Isto é, um prejuízo similar aos encontrados no mercado de ações.

Assim, vale ressaltar que em 2015, mesmo com o IPCA nas alturas, o investidor perdeu dinheiro. Ou seja, para ganhar dinheiro com a inflação, não basta que ela seja maior. Essa condição precisaria acontecer conjuntamente ao juro real estável, e que, quando a inflação sobe, o mercado comece a precificar novas altas nos juros.

De forma geral, as taxas de juros reais dos títulos IPCA+ subiram bem de 2013 a 2015. Isso provocou uma marcação a mercado negativa nesses papéis e uma performance negativa para quem estava investido no ativo. O motivo foi o descontrole inflacionário e o risco fiscal do Governo Dilma, que fez o mercado cobrar mais prêmio dos títulos da dívida.

Já em 2016, com o Impeachment e as reformas liberais, essas taxas apresentaram 4 anos seguidos de queda, indo para patamares cada vez mais baixos, seguindo de uma queda da taxa Selic nunca vista antes.

Por fim, assim como qualquer ativo, é muito importante que o investidor entenda bem todos os riscos do produto e por isso, essencial sempre consultar seu assessor de investimentos para uma escolha consciente. Afinal, a renda é fixa, mas pode oscilar.

O conteúdo acima exposto possui finalidade meramente informativa/educativa, desta forma não deve ser compreendido como oferta ou recomendação de serviços ou produtos. A One Agentes Autônomos de Investimentos Ltda é uma empresa de agentes autônomos de investimento devidamente registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na forma da Instrução Normativa nº 497/11.

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