Taper Tantrum

1 de setembro de 2021

Taper tantrum, é uma expressão utilizada no mercado financeiro desde o ano de 2013, quando o Banco Central americano – FED anunciou o tapering, isto é, o plano de redução do programa de compra de títulos com que despejava liquidez nos mercados.  

Os investidores, por outro lado, não reagiram bem fazendo um tantrum, ou uma birra, levando as taxas de juros de títulos de longo prazo a subirem significativamente.

Entendendo o termo

Para reduzir os efeitos da crise de 2008 e a recessão financeira dela decorrente, o Federal Reserve adotou uma política que ficou conhecida como quantitative easing (QE) – afrouxamento quantitativo, que envolvia a compra de títulos e outros ativos financeiros.

Se tratava então de uma injeção de dinheiro no sistema financeiro, e assim, consequentemente o país manteria a sua estabilidade. Dessa forma, com o sistema financeiro mais estável, mais empréstimos e consumo seriam impulsionados, promovendo então a recuperação econômica.

Durante esse programa de flexibilização, o banco central americano adquiriu quase US$ 2 trilhões em ativos, tornando-o um dos maiores compradores do mercado. No entanto, com a melhora das perspectivas econômicas, o FED decidiu por comunicar o fim do QE, que levaria à redução na demanda por esses ativos.

A notícia foi recebida com nervosismo por investidores receosos com a retirada do suporte dado pelo Fed até então.

E por que isso agora?

Desde o início da pandemia do Covid-19, o governo norte-americano fez diversas injeções de capital para impulsionar e ajudar na recuperação da economia.

A Ata mais recente do FOMC (comitê de política monetária dos EUA), divulgada no mês de agosto reiterou as afirmações do comunicado após a reunião de 28 de julho, reforçando que parte dos dirigentes avalia que a economia progrediu em direção aos objetivos do comitê envolvendo o emprego “máximo” e a estabilidade dos preços.

O diagnóstico ainda é de uma inflação transitória e o momento de anunciar a redução do programa de compras se aproxima, podendo ocorrer nas próximas reuniões, visto que o comitê debateu a composição e a duração.

Qual impacto nos mercados?

 Desde a reunião do FOMC em junho e julho, com a mudança de tom de alguns membros do FED e alterações das projeções, o mercado pavimentou o cenário da elevação da taxa de juro (fed funds rate) antes do esperado.

O ponto de início do tapering é relevante, assim como a sua composição (entre títulos de tesouro e MBS), o que afeta sua duração ao longo de 2022.

Vale pontuar que a ata atual tentou desvincular o fim do programa de compras com a necessidade mecânica de subida de juros, sendo esse último movimento mais dependente da evolução da economia. A despeito desse comentário, o mercado ainda deve enxergar que quão mais cedo ocorrer o anúncio, maior a probabilidade de aumento da taxa de juro no final de 2022 – como já está precificado na curva de juro. No entanto, na projeção do próprio FED, essa elevação ocorreria apenas em 2023.

O resultado desses fatores poderia promover uma mudança no diferencial de juro esperado nas curvas de juros das economias maduras e emergentes, dando uma sustentação para o dólar global permanecer nesse patamar mais forte que vem negociando.

O anúncio do tapering nos próximos meses terá um efeito mais suave do que aquele de 2013, mas pode pressionar os vencimentos mais longos das curvas de juros nominais e reais, sobretudo em países emergentes.

Isto porque qualquer alteração nos juros americanos, o impacto será imediato nos mercados globais e inclusive no brasileiro. A explicação se dá pelo fato de que a economia americana é uma das mais seguras e desenvolvidas do mundo.

Por isso, se houver uma elevação nas taxas de juros lá fora, os títulos americanos passam a remunerar melhor e consequentemente causa fuga capital das economias emergentes para as de primeiro mundo.

.

.

.

.

Este material, disponibilizado sob demanda, consiste em breve resumo de cunho meramente informativo, não configurando consultoria, oferta, solicitação de oferta, ou recomendação para a compra ou venda de qualquer investimento ou produto específico. Este podcast não tem relação com objetivos específicos de investimentos, situação financeira ou necessidade particular de qualquer destinatário específico, não devendo servir como única fonte de informações no processo decisório do investidor que, antes de decidir, deverá realizar, preferencialmente com a ajuda de um profissional devidamente qualificado, uma avaliação minuciosa do produto e respectivos riscos face a seus objetivos pessoais e à sua tolerância a risco (Suitability).

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Novidades