Em 08 de dezembro tivemos a última decisão de 2020 do Copom (Comitê de Política Monetária) em relação à meta SELIC, ocasião em que a autoridade manteve os juros no patamar de 2% a.a. O tom mais hawkish do comunicado veio ao encontro da análise do mercado, “fechando” a porta para novos cortes adicionais.
De forma geral, as políticas econômicas adotadas pelos governos influenciam diretamente na vida das sociedades e duas expressões antagonistas que podem ditar o comportamento da economia, muito conhecidas no mercado financeiro são: dovish e hawkish.
Entretanto, quais são as diferenças entre elas e os efeitos que podem causar?
Entendendo a política econômica
Vale dizer que por definição, a política econômica consiste no conjunto de ações governamentais que são planejadas para atingir determinadas finalidades relacionadas com a situação econômica de um país, uma região ou um conjunto de nações.
Desse modo, um governo pode organizar suas medidas econômicas em três frentes:
- Política Monetária: trata-se da atuação de autoridades monetárias sobre a quantidade de moeda em circulação, de crédito e das taxas de juros controlando a liquidez global do sistema econômico;
- Política Fiscal: define o orçamento e seus componentes, os gastos públicos e impostos para garantir e manter a estabilidade econômica;
- Política Cambial: trata-se do conjunto de medidas que uma nação adota em sua moeda visando controlar sua relação com as moedas dos demais países.
A definição de dovish e hawkish
O termo dovish deriva da palavra “pombo”, em inglês (“dove”), que retrata uma postura mais favorável a taxas de juros mais baixas, menor preocupação com a inflação e por sua vez, voltado à manutenção da atividade econômica.
Quanto ao termo hawkish, trata-se do contrário. Ele deriva do termo “falcão”, em inglês (“hawk”), e define os defensores de juros mais altos e de uma política de austeridade mais forte. Uma postura hawk considera como o maior entrave da economia a inflação, cujo aumento contínuo e generalizado dos preços precisa ser contido mesmo que custe o crescimento econômico.
Em suma, o primeiro significa uma política expansionista e o segundo uma política contracionista. Assim, podemos dizer que os formuladores de Política Econômica de um país (como membros do COPOM, presidente do Banco Central e demais agentes) dividem-se basicamente em duas posturas: dovish ou dove e hawkish ou hawk.
Diferenças entre ambos os termos
Manter uma postura dovish é se preocupar mais com o desemprego e crescimento econômico ao invés da inflação – aumento contínuo e generalizado dos preços – a médio e longo prazos. Trata-se de uma política monetária mais acomodada e um quadro de juros baixos. Os adeptos do dovish geralmente votam em cortes de juros ou na manutenção da taxa de juros baixa.
Em contrapartida, o hawkish é considerar que a inflação elevada consiste num empecilho mais prejudicial à economia em comparação ao aumento do desemprego. Essa postura resguarda o aumento na taxa de juros ou que estes sejam mantidos em patamares elevados. Assim, no que diz respeito aos entusiastas do hawk, estes optam pelo aumento das taxas de juros ou a manutenção de taxas elevadas.
A distinção basicamente representa um dilema entre inflação e atividade econômica principalmente no curto prazo.
Como cada política afeta o mercado?
Vale dizer que, as economias que passam por um movimento de elevação de juros, possivelmente tem suas moedas valorizadas em relação às outras. Vejamos os EUA como exemplo, qualquer aumento de taxa de juros faz com que as principais moedas se desvalorizem (como euro, iene, libra esterlina, etc). O contrário também é verdadeiro.
Como dito anteriormente, a política monetária dovish levará a taxa de juros mais baixas e dessa forma, a um possível enfraquecimento da moeda do país. Porém, caso a taxa de juros seja reduzida, mas siga maior que a de demais países, tal redução não tende a afetar significativamente o valor da moeda do país.
Finalmente, todas as sinalizações dos Bancos Centrais com referência a postura mais dovish ou hawkish influenciam não somente o comportamento dos investidores, mas ainda, a rentabilidade dos investimentos. Isto quer dizer que, uma expectativa de alta nos juros beneficia a renda fixa conservadora, enquanto a queda nos juros gera atratividade nos ativos de risco. Assim, em relação ao último, tal postura dovish concede oportunidades em investimentos como ações, ETFs, debêntures, etc.