No último dia 22 de fevereiro, segunda-feira, vimos as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3; PETR4) afundarem 21,51% e 20,48%, respectivamente. A correção negativa ocorreu após a troca do CEO da companhia, fazendo com que a empresa perdesse mais de R$ 74 bilhões em valor de mercado.

Os papéis tiveram o pior pregão desde o começo de março de 2020, em meio a pandemia e circuit breakers. A mudança – feita nesta semana – no comando foi vista pelo mercado como um aumento do risco de interferência política na petroleira.

Além da Petrobrás, existe uma lista de ações negociadas na B3 de empresas que possuem participações direta e/ou indireta do governo. Dito isto, estas podem sofrer influência por motivações políticas e nem sempre resultam em decisões comprometidas com os melhores resultados.

Dessa forma, vale o questionamento: as estatais são boas ideias de investimento?

Em geral o governo mantém participação em algumas empresas, as denominadas “estatais”. Tal participação pode ser feita de forma direta, ou seja, quando o governo é de fato o dono e gestor da companhia ou de forma indireta. Em relação à última, esta é feita através do mercado de ações ou do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Atualmente existem nove estatais com capital aberto e que negociam suas ações na B3. Além disso, apesar do governo deter ou possuir participação, o objetivo é, principalmente, o lucro.

Desse modo os preços das ações dependem dos resultados financeiros das empresas, bem como, das expectativas dos investidores sobre os resultados que terão no futuro. Se positivas, o investidor demandará mais ações o que acarreta numa elevação de seu preço. Porém é importante dizer que as companhias do governo, podem sofrer influência por motivações políticas.

Interferência governamental nas estatais

Vimos que o Brasil passou por diversas situações de escândalo, tanto de corrupção atrelado a grandes estatais – como foi o caso da Petrobrás, na Operação Lava Jato – quanto de relatos ligados ao abuso de poder, por parte dos controladores.

Isso quer dizer que a nossa Bolsa não está protegida dos riscos corridos por estatais, que negociam suas ações no mercado. Essas ingerências governamentais impactam diretamente nas cotações das ações, inclusive no Ibovespa, visto que Petrobrás e Banco do Brasil, por exemplo, possuem grande peso na composição do índice.

Comportamento das estatais em comparação ao Ibovespa

Nos últimos 24 meses, o resultado das principais estatais negociadas na B3 foi inferior ao índice da Bolsa brasileira. Isto é, em 12 meses o Ibovespa valorizou um pouco acima de 18%. Em comparação ao mesmo período, vimos que Petrobrás, Banco do Brasil e Eletrobrás desvalorizaram, respectivamente, cerca de 3,65%, 29,17% e 5,8%.

O que considerar antes de investir nas ações do governo

É muito importante que o investidor fique atento à influência do governo na cotação dos papéis e ao impacto na sua carteira de investimentos.

Aliás, é aconselhável levantar informações sobre o desempenho da empresa nos últimos meses. Também é valido se atentar aos anos eleitorais, uma vez que tais mudanças na gestão poderão impactar no desempenho das ações estatais.

Ademais é recomendável verificar se existe a presença de membros independentes no Conselho de Administração, bem como, acompanhar a qualificação e a indicação da Diretoria Executiva.

Recentemente algumas providências têm sido aplicadas com o intuito de aumentar a segurança e proteção dos acionistas.

Diversificação global funciona

Um portfólio composto basicamente por aplicações locais será inerente ao risco Brasil. Dessa forma, investir em estratégias no exterior pode melhorar a relação risco x retorno das carteiras de investimentos, uma vez que os preços dos ativos lá fora são impulsionados por diversos aspectos.

De acordo com os melhores investidores, a diversificação é o caminho para mitigar riscos e potencializar os ganhos. Assim, nada melhor do que buscar mercados globais, já que a correlação entre ativos locais e internacionais é baixa.

Esta baixa correlação internacional com os ativos brasileiros poderá funcionar como proteção aos eventos de estresse como vimos na Petrobrás, Joesley Day, Greve dos Caminhoneiros, Impechment da Dilma, etc.

Vale ressaltar que diversificar não quer dizer renunciar a retornos atrativos. Pelo contrário, é possível rentabilizar de formas diferentes sem depender de uma única economia.

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