Como funciona a inflação e como ela afeta os investimentos?

18 de junho de 2019

É bastante comum encontrarmos a palavra inflação na sessão de economia dos jornais e portais de notícia. De fato, ela está há muito tempo presente na vida dos brasileiros e, em muitos casos, ela não vem acompanhada de boas notícias. Mas afinal, antes de repugná-la, será que você sabe como funciona a inflação?

Neste texto, nós explicamos tudo o que você precisa saber sobre esse índice e como ele influencia a economia. Contudo, antes, vamos relembrar um pouco da relação dos brasileiros com ela. Confira!

Como foi a história da inflação?

Por volta da década de 1990, a inflação estava em uma das suas maiores marcas, mesmo após várias medidas dos governos Sarney e Collor, chegando ao patamar de 2.477% ao ano.

Para piorar, o salário-mínimo se encontrava em um dos piores períodos, então, o que ocorria era que as pessoas tinham que comprar o mais rápido possível antes que o seu dinheiro se desvalorizasse. Em 1994, com o Plano Real, os preços começaram a se equilibrar, e desde 2005, o índice da inflação nunca mais chegou a exceder o teto da meta anual.

O que é a inflação?

Em termos gerais, a inflação é a alta dos preços dos produtos e serviços que consequentemente desvaloriza o poder compra. Existem muitos motivos para a alta da inflação, entre eles, podemos citar que pressões em relação aos custos, muita procura por produtos e serviços e expectativa inflacionária podem influenciar.

A inflação é medida por dois tipos de índices: IPCA e IGP-M.

IPCA

Também chamado de Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é um indicador utilizado por boa parte do mercado para definir a meta da inflação, inclusive, sendo o índice oficial do país. Ele é determinado a partir dos preços dos produtos ou serviços que chegam ao consumidor final.

Ou seja, se o IPCA subir, provavelmente, esses produtos deverão sofrer algum tipo de reajuste, ficando mais caros. Agora, caso caia, não significa que os preços também diminuirão, e sim, que a alta será menor em relação ao mês anterior. Os preços realmente só são reduzidos se o IPCA ficar negativo, o que chamamos de deflação.

IGP-M

É um índice que foi criado em 1940 com a intenção de medir as variações de preços de forma geral. Seu cálculo é baseado nos seguintes indicadores: IPA-M (Índice de Preços do Atacado – Mercado), IPC-M (Índice de Preços do Consumidor – Mercado), e INCC-M (Índice Nacional de Custo da Construção – Mercado).

Por ser um índice que considera parâmetros diferentes do que o IPCA, sua importância é macroeconômica, oferecendo uma visão mais aproximada da economia e da inflação. Além disso, ele é muito utilizado como base para contratos de aluguel, seguros, cobranças públicas etc. Sendo assim, ele tem uma grande atuação em mensalidades de escolas, universidades, valores de aluguéis de imóveis, planos de saúde e tarifas de energia elétrica, por exemplo.

Como a inflação influencia nos investimentos?

A inflação pode causar diferentes reações em vários setores da sociedade. Desde prejudicar o rendimento do comércio, como beneficiar alguns investimentos. Aqui, falaremos das consequências da inflação para algumas situações. Entenda!

Poupança

A inflação não tem uma boa influência quando o assunto é poupança. Como ela é um indicador de perda do valor do dinheiro, aquilo que é depositado pode se perder. Por exemplo, supomos que a poupança esteja rendendo 6% ao ano, se a inflação estiver em 8%, o investidor acaba contraindo uma desvalorização no que foi poupado de 2%.

É bom lembrar que, nesse caso, não é como se você perdesse o dinheiro, mas sim, diminuisse o poder de compra.

Consumo e empresas do varejo

Um dos primeiros sintomas da inflação alta é que com serviços e produtos mais caros, o poder de compra do consumidor fica menor. Logo, ele não será capaz de consumir tanto, reduzindo a demanda. Algo que afeta diretamente os produtores e varejistas que não conseguem vender. Por isso, o Banco Central faz o possível para que a inflação se mantenha baixa. O preço deve manter uma certa estabilidade para não prejudicar a economia.

Taxa Selic

A taxa Selic tem uma relação muito próxima com a inflação, além de ser a taxa básica de juros do país, ela também é utilizada para controlá-la. Por exemplo, o governo pode aumentar a taxa para tornar o dinheiro mais valorizado, dificultando o acesso ao crédito (cartão de crédito, empréstimos, cheque especial). Isso faz com que o consumidor recue na hora de comprar, já que ele não tem crédito. O efeito dessa ação não é imediato, mas no longo prazo, a inflação é controlada.

Agora, quando a Selic é reduzida, acontece justamente para aquecer a economia. Com o consumidor tendo mais acesso ao crédito, seu poder de compra é maior.

Quais os investimentos ideais quando há alta de inflação?

Existem alguns investimentos que se beneficiam bastante com a alta da inflação. Aqui, vamos explicar quais são eles.

CRI e CRA

Certificados de Recebíveis Imobiliários e Certificados de Recebíveis Agrícolas são títulos gerados para financiar o setor imobiliário e do agronegócio. Eles são emitidos por companhias securitizadoras. Essas empresas por meio desses títulos fazem uma ponte entre o investidor e as companhias do agronegócio e do setor imobiliário.

O investidor empresta dinheiro e em troca recebe o título que garante o direito de receber os juros após certo período. O vencimento pode ser a cada 6 meses ou a cada ano, e o interessado recebe o que foi aplicado acrescido do último valor dos juros daquele mês, ou o que foi investido acrescido dos juros ao final do período.

A rentabilidade desse investimento costuma se basear no índice IPCA, em que se recebe o percentual da inflação acrescida de uma taxa prefixada.

Tesouro Direto

Os títulos disponibilizados pelo governo também têm uma versão que utiliza a inflação (IPCA) como base. NTN-B são os títulos públicos atrelados à inflação, pagando o valor do IPCA de determinado período mais uma parte definida no momento da aplicação.

É uma boa opção para o longo prazo, contudo, para não sair perdendo, é preciso esperar até o seu vencimento, já que o valor do título tende a variar de acordo com os juros futuros.

Fundos Imobiliários

Esse é um investimento que faz parte do grupo de aplicações que se beneficiam da inflação alta. Como os preços dos aluguéis são ajustados de acordo com o IGP-M, e os fundos imobiliários podem ter na sua composição títulos que representam aluguéis, logo, acabam sendo influenciados de forma positiva.

Porém, alertamos que é importante analisar bem o fundo escolhido, pois existem 2 tipos de contrato de locação: típicos e atípicos. No primeiro caso, o preço do aluguel é ajustado por 2 anos de acordo com o IGP-M, e no ano subsequente ocorre uma revisão para saber se será necessário reduzir ou aumentar o valor.

Enquanto nos atípicos, o que acontece é que ele tem o período de 10 anos e o IGP-M é utilizado como referência em todos os anos. Esse é um tipo de contrato utilizado para galpões industriais.

Bem, ficou claro que a inflação é uma medida que possui uma grande influência no mercado? Desde afetar a forma como consumimos produtos e serviços, até mesmo beneficiando alguns investimentos. De qualquer forma, é importante entendê-la para não ser surpreendido pela sua interferência no poder de compra.

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