O Brasil funciona baseado em um sistema de câmbio denominado de flutuante. Isso significa que a cotação da moeda interna em relação a outras moedas, o que inclui o dólar, apresenta variações de acordo com a chamada lei de oferta e demanda. Em tese, não há nenhum tipo de intervenção nesse mercado. Entretanto, também é um fato que o Banco Central pode interferir nesse processo, especialmente, quando o monitoramento feito indica que será preciso conter grandes oscilações.
E quanto aos investimentos no Brasil? O dólar alto pode interferir nos projetos em andamento e futuros? A seguir, vamos entender melhor essas e outras questões. Acompanhe!
Perspectivas para a economia brasileira
No início de 2020, economistas do setor privado e do governo se mostraram otimistas e com uma boa perspectiva, já que a expectativa era de que a economia crescesse acima dos 2%. Porém, fatores internos e externos começaram a surgir — tanto por incertezas do governo, quanto pelo comportamento do mercado internacional.
Diversos fatores influenciaram. Desde problemas econômicos, até a demora na tomada de decisões. A própria alta do dólar e fatores extremamente complexos, como a crise provocada pela Covid-19, prejudicaram a recuperação mais sólida nas atividades econômicas que o país vinha percebendo desde o segundo semestre de 2019. Por consequência, isso afetou vários tipos de investimentos.
Origem e impacto da atual alta do dólar na economia brasileira
Em fevereiro de 2020, a moeda americana acumulava uma alta de 9,52%. Chegou a alcançar o recorde de R$4,79 em 09 de março e, em 08 de maio, se superou novamente chegando a R$5,99.
Há vários motivos para a apreciação crescente do dólar com fatores nacionais e internacionais envolvidos. Mas em uma perspectiva global, os aspectos que influenciaram a atual taxa de câmbio, em um primeiro momento, foram:
- a política na América Latina com altos níveis de instabilidade;
- a guerra comercial entre a China e os EUA;
- o crescimento da economia dos EUA;
- as incertezas de vários países sobre uma possível recessão.
Entretanto, como veremos abaixo, outros aspectos surgiram e se tornaram muito importantes além desses.
Crise da pandemia da Covid-19 afetou diretamente a alta do dólar
Os cuidados e a atenção com os investimentos, com a economia e com as possibilidades no futuro já vinham sendo considerados como muito sensíveis. Mas, após o anúncio da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarando que o coronavírus era uma pandemia e que os números de casos aumentariam drasticamente, tudo tomou contornos mais significativos.
Na perspectiva de investimentos, a grande preocupação se dá pelas dimensões do impacto que a pandemia — e que ainda não é possível ser mensurado — deverá causar. Com a piora do cenário, bolsas do mundo inteiro despencaram e chegaram a interromper as negociações várias vezes.
Não somente no Brasil, mas em todo o mundo, os investidores estão mais cautelosos, especialmente pelo cenário negativo de uma recessão. E isso acontece mesmo com instituições financeiras de vários países tomando medidas emergenciais como estímulo da economia.
Alta do dólar afeta a entrada de recursos estrangeiros
Quando observamos uma alta significativa do dólar, é de se pensar que isso seria um cenário positivo para que investimentos fossem atraídos para o país. Afinal, os ativos nacionais estão mais baratos para o mercado externo.
Entretanto, a turbulência causada pela pandemia, além de assustar os investidores, ainda pode limitar essa vantagem e impedir resultados mais positivos.
As alterações bruscas do câmbio preocupam os agentes que não conseguem identificar qual será o valor de fechamento negócio. Além disso, o investidor pode ficar mais cuidadoso sobre aplicar dinheiro aqui sob a ideia de, talvez, o dólar vier a se desvalorizar.
É bem verdade que empresas costumam fazer seguros contra a alta e baixa da moeda norte-americana, mas o momento atual, com grande volatilidade, torna esse seguro mais caro. A estrutura patrimonial das empresas também sofre, principalmente naquelas que têm dívidas em moeda externa. Como consequência, há menos capacidade para a tomada de novos créditos.
Relação da alta do dólar e taxa Selic
Ao que tudo indica, a alta do dólar veio para ficar. Já a taxa Selic que, em 2015, estava em 14,25%, agora se encontra em 2,00%. Essa perspectiva assusta o dinheiro vindo do exterior que, até então, chegava devido a remuneração vantajosa.
Os economistas do mercado financeiro também alteraram suas projeções para 2020, de 2,25% para 2%. Vale lembrar que, há cinco meses atrás, a taxa estava em 3,75%. O aumento da probabilidade de corte da Selic tende a puxar o dólar para cima — hoje, a valorização é global e não afeta apenas o Brasil.
Impactos da alta do dólar para os investimentos dos brasileiros
No meio de tantas complexidades, talvez, um dos pontos mais positivos sobre o crescimento do dólar é que, quando a moeda norte-americana está em alta, indivíduos que investem nela têm chances de ganhos. Aqueles que apostam em ações de importadoras também conseguem perceber um certo impacto positivo em uma perspectiva geral, assim como as empresas nacionais que possuem investimentos relacionados à moeda estadunidense.
Mesmo com essas vantagens, a longo prazo essa valorização pode representar um problema. Basta considerar que isso afeta a rotina das pessoas uma vez que influencia, de forma direta, a inflação. Com isso, o dólar alto espelha uma economia em desequilíbrio, que afeta o cidadão que perde muito de seu poder de compra em relação a outras regiões do mundo.
Olhar atento aos desdobramentos da crise é essencial
Apesar de todas as projeções e as análises, ainda há muitas incertezas sobre o que o futuro reserva. O investidor, grande ou pequeno, precisa ficar atento a tudo isso, principalmente para ter um bom nível de base para análise sobre qual a melhor decisão a ser tomada hoje, que possa proteger seus investimentos no futuro.
Por fim, quem quiser proteger o valor daquilo que possui, não importando o que está ocorrendo no Brasil e no mundo, precisa buscar por algum mecanismo que atue como proteção dos recursos da alta do dólar. Esse ponto é algo que deve ser considerado tanto por pessoas físicas que inventem quanto por empresas.
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