Como a IBOVESPA se comporta ao longo dos anos com o aumento do dólar?

19 de agosto de 2020

O índice do IBOVESPA e a cotação do dólar frente ao real são quase sempre dois números anunciados juntos nos jornais, sites e programas de TV. Quem tem investimentos nesses ativos deve acompanhar a avaliar com cuidado essas informações, principalmente nos momentos de maior turbulência no mercado.

Nessas horas, é comum que a cotação de ambos sofra bastante variação, afetando o rendimento de diversos investidores. Por isso, vamos, neste texto, entender melhor como a IBOVESPA se comporta diante do aumento do dólar. Confira!

Qual a importância de avaliar o IBOVESPA?

Para entender os números anunciados todo dia sobre o desempenho da bolsa de valores, é preciso saber o que é o IBOVESPA, o que ele mensura e como ele é importante para quem investe no mercado de ações.

IBOVESPA é a sigla para Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (cujo nome oficial é B3). Além dessa sigla, também pode ser usado apenas IBOV. Sua principal função é servir como um indicador de como anda o desempenho das principais ações negociadas diariamente no pregão.

Por isso, dizemos que o IBOVESPA é uma carteira teórica. As empresas que compõem o índice são reavaliadas periodicamente, mas elas quase sempre representam, em média, 80% do volume total de negociações da bolsa.

Entre os ativos que compõem o índice estão ações de empresas varejistas, instituições financeiras e indústrias. Assim, fazem parte do IBOVESPA ações preferenciais ou ordinárias de bancos, como o Itaú Unibanco e o Bradesco, da Petrobrás, da Vale e da Ambev, entre outras.

O sobe e desce do IBOVESPA é refletido numa escala de pontos. Quando essa pontuação sobe, isso indica que a média da cotação das empresas incluídas no índice subiu. O movimento contrário, quando a pontuação cai, significa que as ações tiveram, em média, um desempenho negativo.

Dessa forma, quando vemos que o IBOVESPA fechou um dia com ganhos de 2,48% e superou os 102 mil pontos, isso significa que esse foi o desempenho médio das ações que compõem o índice.

A queda do IBOVESPA significa que muitas das empresas listadas na carteira que o compõem estão mais baratas. A queda nas ações desvaloriza o preço da companhia, já que muitos investidores passam a querer vender seus papéis antes que a cotação caia ainda mais.

Nesse momento, muitos investidores tentam aproveitar para conseguir boas oportunidades de negócio, vislumbrando uma possível valorização de um papel que hoje esteja em queda. Isso nem sempre acontece, o que torna esses movimentos muito arriscados.

Apesar de ser um excelente indicador de mercado, não é possível investir diretamente no índice IBOVESPA. Outro problema é que replicar uma carteira com as mesmas ações que compõem tal indicador pode ser extramente caro.

De todo modo, há algumas aplicações financeiras que tomam como referência a movimentação do IBOVESPA, seja seguindo o indicador como benchmark ou utilizando as oscilações para negociar contratos no mercado futuro.

Como a alta do dólar influencia a bolsa de valores?

Quando ocorre a desvalorização do IBOVESPA, é comum surgirem notícias da valorização do dólar e de outras moedas estrangeiras. Isso tem acontecido também na crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, que faz a bolsa sofrer com constantes quedas e o dólar registrar recordes em sua cotação.

Do mesmo modo, quando a bolsa vai bem, é normal que o dólar se mantenha estável ou até mesmo caia.

As causas para essa relação não são diretas. Por isso, nenhum investidor deve levar isso como uma regra. Embora raros, determinados cenários podem fazer com que o IBOVESPA suba junto com o dólar e que ambas as cotações caiam quando a situação se reverter. No entanto, de modo geral, acontece o oposto.

Dois exemplos ajudam a entender isso. Primeiro, imagine uma instabilidade econômica nacional, gerada principalmente por problemas na condução política do país. Tal cenário leva a perdas econômicas, o que faz com que as empresas listadas na bolsa tenham desempenho pior, tornando suas ações menos atrativas. Essa sucessão de fatores fará com que o IBOVESPA perca valor.

Ao notar essa sinalização, muitos investidores, principalmente os estrangeiros, procurarão formas de proteger o seu patrimônio ou mesmo tirar investimentos do país. Ambos os movimentos são feitos utilizando a moeda estrangeira. Com uma maior procura por ela, é esperado que sua cotação suba.

Agora, pense em um cenário promissor, com expectativa de crescimento na economia e tranquilidade no ambiente político. Dessa forma, o mercado brasileiro tende novamente a se tornar atrativo, o que chama a atenção de muitos investidores, dentro ou fora do país.

Para atuar no Brasil, muito desses investidores estrangeiros passarão a colocar seus dólares em ações, o que fará com que o IBOVESPA suba. Esse dinheiro estrangeiro que entra também ajudará na cotação do dólar, que certamente diminuirá.

Como dissemos mais cedo, isso não é uma regra. Os novos investimentos feitos podem não acontecer necessariamente em ações ou a fuga de investidores da bolsa talvez não ocorra e atinja com mais força outras aplicações, entre muitas outras possibilidades.

O que leva à alta constante do dólar?

O dólar sempre será visto como um ativo de segurança, principalmente por investidores estrangeiros. Quanto menos atrativo o mercado brasileiro, maiores são as chances de eles recorrerem à moeda norte-americana para se protegerem de perdas maiores.

O mesmo acontece com cenários de instabilidade global, pelo qual passamos agora, ou, ainda, quando governos de outros países anunciam medidas que favoreçam a si próprios e prejudiquem o Brasil.

A valorização e desvalorização do dólar é resultado de um fino equilíbrio dessas relações, que mudam dia a dia, às vezes de forma brusca. O mesmo vale paras as ações, sejam elas parte da carteira que compõe a formação do IBOVESPA ou não.

Com isso, entender e acompanhar as movimentações do IBOVESPA e da cotação do dólar, bem como as informações sobre o cenário político e o mercado como um todo, deve fazer parte da rotina do investidor. Isso ajuda na hora de tomar decisões importantes, cujos resultados interferirão de forma significativa nos rendimentos obtidos, principalmente em longo prazo.

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