Certamente Ray Dalio é um nome que faz diferença no mundo dos investimentos. Além de bem-sucedido nos negócios, o fundador da Bridgewater Associates tem a incrível habilidade de se comunicar facilmente com diferentes públicos, influenciando inúmeras pessoas com seus passos de sucesso.
Entender a sua personalidade e as suas estratégias são motivos de inspiração. Então, continue a leitura para saber mais sobre essa ilustre figura!
Conheça os principais feitos de Ray Dalio
Embora a trajetória de Raymond Thomas Dalio pareça começar em 1975, quando fundou a Bridgewater em seu próprio apartamento, o seu histórico começa anos antes. O trajeto de êxitos e aprendizados que se tornaram o marco do seu discurso, tem sua base em experiências pessoais e profissionais.
Passos iniciais na carreira
Para se ter uma ideia, aos 12 anos, tempos em que trabalhava como caddie, auxiliando jogadores de golfe, escuta as pessoas falando sobre negócios, e assim tomou a decisão de investir na compra de ações da Northeast Airlines por US$ 300,00. Com isso, ele viu o seu dinheiro triplicar após a companhia aérea passar por um processo de M&A.
O mais interessante é que hoje ele mesmo enxerga isso como uma atitude insensata, porque a companhia aérea estava em um momento delicado, com papéis cotados a US$ 5,00. No entanto, era o que ele podia comprar naquele momento.
Ray Dalio estudou na Harvard Business School e também trabalhou no mercado de ações de Nova York. O seu interesse por commodities, porém, aparece enquanto exerceu o cargo de diretor de commodities no banco Merrill Lynch, em 1972.
Após isso, foi diretor de commodities na Dominick & Dominick LLC, além de ter atuado posteriormente como corretor de futuros na Shearson Hayden Stone. E foi somente após a sua demissão que fundou a própria empresa — a Bridgewater Associates.
Desenvolvimento da Bridgewater Associates
Atualmente, essa é a maior empresa de hedge fund do mundo, operando o valor de US$ 160 bilhões. Agindo de forma tática para amparar a sucessão empresarial da companhia, Ray Dalio transformou a Bridgewater em uma parceria para assegurar aos funcionários uma participação mais ampla na empresa.
Seu êxito, porém, é o resultado de um trabalho que vem sendo realizado ao longo de décadas, cujo crescimento se tornou mais expressivo nos anos 80. Aliás, é importante destacar que essa instituição já passou por diversas mudanças, dando origem aos conhecidos princípios da Bridgewater.
Mesmo que visto com desconfiança por algumas pessoas entendidas no assunto, esses ensinamentos fizeram o empreendimento chegar, de algum modo, a patamares diferenciados.
Para se ter uma noção desse fato, basta olhar para o ano de 2016 e perceber que pelo sexto ano consecutivo a companhia ficou em primeiro lugar no ranking anual dos 100 hedge fund do Institutional Investor’s Alpha. Ao longo de seu percurso, foram geridos cerca de US$ 150 bilhões de seus clientes espalhados pelo mundo.
Projeções da crise em 2008
Um dos grandes feitos da Bridgewater foi a previsão da crise que estourou no ano de 2008. Em entrevista ao editor do Michael Petz, do Institutional Investors, ele afirma que o feito se deve à própria cultura da empresa quando perguntado sobre o fato.
“No nível mais alto é a nossa cultura. A Bridgewater opera de maneira muito diferente da maioria das empresas, e isso impulsiona nossos diferentes resultados.”
De fato, a estratégia adotada pela companhia foi o estudo de crises anteriores para entender as suas dinâmicas, a partir da ideia de que as coisas funcionam como uma máquina, na qual as mesmas ações acontecem repetidas vezes.
Assim, com base em situações semelhantes às que foram vivenciadas no ano de 1929 nos Estados Unidos, entre as décadas de 70 e 80 na América Latina, e na década de 90 no Japão, foi elaborado um modelo chamado pela empresa de indicador de depressão. E fundamentado nessa modelagem se chegou a conclusão do desequilíbrio de 2008.
Em seus relatórios, a Bridgewater já havia apresentado os indicativos do que estava por vir. Neles estão descritos o processo de como as dívidas cresceram mais rápido que o aumento das receitas, e o corte nas taxas de juros não poderia ser reduzido porque já estava próximo de zero.
Sobrevivência e sucesso na crise
Sem adentrar nos detalhes dessa crise, o que chama a atenção é o fato de que essa cultura de antecipação fez com que a instituição fundada por Ray Dalio sobrevivesse à crise. E mais: o seu principal fundo, o Pure Alpha II, obteve retornos significativos durante o período.
O fundo cresceu 9,4% em 2008, quando apenas 21% dos hedge funds obtiveram algum retorno positivo. Nessa época, os ativos que o compõem tiveram seus valores expandidos de US$ 36 bilhões de dólares para US$ 85 bilhões de dólares.
O Pure Alpha II é um fundo com aplicações em ações, commodities, títulos e moedas espalhados em vários mercados. Ele é uma versão alavancada de outro da Bridgewater, o Pure Alpha.
Entenda os hedge funds
O nome de Ray Dalio se destaca quando o assunto são os hedge funds. Ele é um dos maiores investidores desse ramo, com a Bridgewater sendo uma das maiores gestoras dessa modalidade de fundos no mundo.
Fundos de proteção, como são literalmente traduzidos, ou simplesmente fundos de hedge, como também são conhecidos, é uma tática que procura proteger os ativos de perdas financeiras ao mesmo tempo que buscam retornos mais avantajados.
Diferentemente de outros fundos, utilizam uma abordagem mais ousada quando comparada aos modelos tradicionais. Além disso, tem a possibilidade de aplicar os recursos como quiser, não ficando preso às limitações como ocorre em outros.
Isso possibilita a adoção, por parte dos gestores do fundo, de diferentes estratégias visando a obtenção de maior rentabilidade. Afinal, diferentes ativos têm retornos em sentidos diversos. Assim, um dos seus atributos é a sua multivalência. Caracterizando-se, portanto, como investimentos de alto risco.
No Brasil, os fundos de hedge são conhecidos como fundos multimercados, embora nem sempre sejam fundos de proteção. No entanto, isso permite que sejam mais regulamentados. Nesse caso, para um fundo multimercado ser um hedge, é necessário que tenha uma variedade mais ampla de ativos.
Principais estratégias de hedge funds
Várias estratégias podem ser adotadas em hedge funds, podendo ser usadas em conjunto ou isoladamente. No entanto, existem algumas que são mais comuns. Vejamos!
Long & Short Equity
Essa prática envolve a aplicação em ações, tanto em posições de compra como de venda. Além disso, pode ter como alvos específicos setores, regiões ou mesmo porte de empresas.
Emerging Markets
Nessa estratégia, os investimentos são direcionados aos ativos financeiros de mercados emergentes no mundo.
Short Bias
Os fundos que seguem esse método são voltados para posições vendidas. No entanto, os seus limites de exposição dependem do grau de risco assumido.
Equity Market Neutral
Semelhante ao Long & Short, mas busca fazer as posições neutras. Isso zera o risco de mercado, lucrando com a escolha dos ativos.
Commodity Trading Advisors – CTAs
Também conhecidos como Managed Futures,atuam apenas em mercados futuros e commodities.
Global Macro
Nessa estratégia, procura-se seguir as condições macroeconômicas mundiais. Assim, fatores como PIB, taxas de juros, taxas de câmbio, entre outros, são considerados. Além disso, os investimentos podem ser feitos em diversos mercados e instrumentos.
Event Drive
Por esse meio, são exploradas as oportunidades originadas de possíveis flutuações no mercado que se criam por causa de eventos corporativos como fusões e aquisições, reorganizações, falências, entre outros acontecimentos. Dessa forma, o fundo é colocado de maneira a obter o máximo proveito dessas condições.
Risk Parity
Traduzido para paridade de risco, essa é uma estratégia que visa igualar os riscos e depois computa-se o volume de ativos. Ray Dalio é um dos maiores adeptos dessa abordagem e, inclusive, o fundo All Weather tem a paridade de risco como método.
Observe a evolução da Bridgewater
Quando foi criada, a Bridgewater trabalhava exclusivamente com assessoria a entes corporativos, além de atuar no gerenciamento de riscos cambiais e de taxas de juros tanto internas quanto externas. Posteriormente, no entanto, a companhia mudou o seu foco para a venda de conselhos econômicos para empresas de grande porte e governos.
De qualquer modo, a sua trajetória apresenta atitudes ousadas no uso de técnicas inovadoras de investimentos. Destacam-se, entre elas, a sobreposição de moeda, a dívida do mercado emergente e os títulos indexados à inflação.
Outro fato que também chama a atenção é a criação da divisão de investimentos em Alfa e Beta. Esse desmembramento foi desenvolvido por Ray Dalio na década de 1990, mas a partir dos anos 2000 foi reconhecido por outros gestores.
Assim, são classificados como Alfa aqueles que tem como propósito alcançar retornos mais vantajosos, não relacionados com o mercado geral e são ativamente geridos. Já os que recebem a classificação Beta são aqueles expostos ao risco padrão e cuja gestão é feita de forma passiva. Assim, a Bridgewater é a primeira a desenvolver fundos orientados a cada uma dessas categorias.
Performance dos hedge funds da Bridgewater
A empresa gerencia duas estratégias: a Pure Alpha,que se encontra fechada para novos investidores e que conta com uma fila de espera considerável, e o All Waether,ofertado aos investidores que querem ficar expostos apenas ao Beta e sem visão de mercado.
Criado em 1991, oPure Alpha teve um bom desempenho entre os anos de 2000 e 2003. No ano de 2008, porém, foi quando se destacou em meio à crise, crescendo 9,4% naquele ano.
Já no ano de 2019, a versão mais alavancada, Pure Alpha II, acabou não tendo um bom desempenho, diminuindo 0,5%. Enquanto a opção menos alavancada obteve um crescimento de 0,5%. Cabe destacar, no entanto, que mesmo com o baixo desempenho no ano de 2019, o seu retorno médio anual, desde a sua criação, é de 11,5%, de acordo com o Institutional Investor.
O All Waether foi iniciado em 1996 e foi o pioneiro no uso de paridade de risco como prática de gestão de sua carteira. O seu retorno médio anual tem sido de 7,8%, também de acordo com o Institutional Investor. Aliás, diferentemente doPure Alpha, o ano de 2019 foi positivo para esse fundo, com um aumento de 16,6%.
Historicamente, quando o Pure Alpha não vai bem, o All Weather acaba apresentando uma boa performance e vice-versa. Isso faz com que os investidores busquem ter os dois em seu portfólio.
Veja os ensinamentos de Ray Dalio para investimentos
Além de fundador da maior gestora de hedge funds do mundo, Ray Dalio também consegue se comunicar com facilidade e dar conselhos para quem deseja investir baseado em sua experiência pessoal. Confira!
Calcule o quanto você quer ter no futuro
O primeiro passo que esse importante gestor assinala é sobre conhecer as suas reais necessidades e, a partir disso, definir o quanto você precisa ter para viver com segurança e tranquilidade no futuro.
Ele utiliza como exemplo o início das suas atividades, quando guardou o suficiente para ficar seis meses sem trabalhar. Assim, após algum tempo, refletindo sobre a vida futura, se organizou para que pudesse viver de uma renda considerável quando parasse de trabalhar.
Dessa forma, podemos resumir esse passo como sendo a definição de objetivos e planejamento. Afinal, sem um alvo claro, é complicado estabelecer uma estratégia.
Diversifique o seu portfólio
Embora esse conselho pareça ser óbvio, e de certo modo repetitivo, é fundamental em qualquer planejamento. Nesse sentido, Dalio chama a atenção para o fato de que a carteira deve ser ordenada de modo que se ganhe em bons e maus momentos.
Estude os ciclos do mercado
Além da clareza nos objetivos e na diversificação, é crucial que um investidor analise os movimentos da economia. Esse é o meio ideal de descobrir e explorar novas oportunidades.
Esse conhecimento permite que sejam identificados os períodos e a forma de comprar e vender ativos. Por isso, é tão importante interpretar os momentos históricos, políticos e outros dados para desenvolver uma base sólida para uma tomada de decisão segura.
Por fim, vemos que Ray Dalio é uma personalidade crucial não só para o mundo corporativo, mas também para qualquer um que almeja o sucesso. Afinal, a sua própria história serve de guia para quem entra no caminho dos investimentos.
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As informações contidas nesta apresentação não podem ser consideradas como única fonte de informações no processo decisório do investidor, que, antes de tomar qualquer decisão, deverá realizar uma avaliação minuciosa do produto e respectivos riscos, face aos seus objetivos pessoais e ao seu perfil de risco (“Suitability”). RENTABILIDADE PASSADA NÃO REPRESENTA GARANTIA DE RENTABILIDADE FUTURA. Assim, não é possível prever o desempenho futuro de um investimento a partir da variação de seu valor de mercado no passado. FUNDOS DE INVESTIMENTO NÃO CONTAM COM GARANTIA DO ADMINISTRADOR, DO GESTOR, DE QUALQUER MECANISMO DE SEGURO OU FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITO – FGC. É recomendada a leitura cuidadosa do Formulário de Informações Complementares e regulamento do fundo de investimento pelo investidor ao aplicar seus recursos. Fonte: Forbes, Brazil Journal, Valor Investe (Globo), Infomoney, Suno e MaisRetorno.