O Open Finance, iniciativa criada pelo Banco Central em 2022, é uma evolução do Open Banking que teve seu processo iniciado em 2021 no Brasil. Por mais que seja um processo recente, somos vistos como referência global no tema.
Apesar disso, de acordo com o estudo da McKinsey em 2023, 38% das pessoas que utilizaram do compartilhamento de dados do Open Finance ainda não notaram nenhuma melhoria nas ofertas de produtos. Aliado a isso, temos relatos de um grande banco afirmando que a taxa de renovação do consentimento do compartilhamento é de apenas 4%.
Ao longo deste texto, vamos entender o que já foi feito no Brasil que nos tornou referência, os desafios em melhorar a experiência do usuário e os benefícios que essa tecnologia ainda vai gerar para os clientes.
O que é o Open Finance
O Open Finance é a possibilidade de compartilhamento de dados bancários e financeiros. Você, como cliente, pode entrar no aplicativo do seu banco, corretora ou prestador de serviço e dar o consentimento do acesso aos seus dados de outras empresas financeiras.
Quais dados posso compartilhar?
- Cadastrais, como seu nome, documentos e afins;
- Crédito, como limite do cartão e transações;
- Transacionais de sua conta-corrente, sendo saldos, limites e o extrato;
- Empréstimos, desde contratos até prestações, pagamentos e garantias;
- Detalhes de Investimentos, seguros, previdência.
É importante ressaltar que os dados apenas podem ser utilizados para os fins declarados no momento do consentimento. Em caso de alteração do fim do uso dos dados, um novo consentimento também deverá ser solicitado por parte da instituição.
Por quanto tempo dura o consentimento?
O compartilhamento, por padrão, dura 12 meses. Mas não se preocupe, você pode removê-lo antes disso, se desejar. Ao final do período, será obrigado a fazer a renovação e, caso não a faça, o acesso aos seus dados será cortado.
Esse tempo foi definido com base na experiência vivida em outros países, que iniciaram a implementação do Open Finance antes do Brasil.
No Reino Unido, por exemplo, havia a necessidade de se renovar a autenticação a cada 90 dias, o que levou a atritos entre o serviço e o consumidor e uma baixa taxa de renovação. Com a flexibilização da regra, exigindo um novo consentimento menos burocrático no mesmo tempo, o cenário está se alterando.
Porque o Brasil é referência
O Reino Unido, também referência global no assunto, completou em janeiro de 2023 7 milhões de pessoas únicas com consentimento. O programa por lá começou a ser planejado como Open Banking em 2015 e foi lançado em 2019.
Já no Brasil, lançamos em 2020, sendo iniciado o open finance apenas em 2022 e superamos a marca de 15 milhões de usuários únicos em fevereiro de 2023. Já em contas autorizadas, são mais de 22 milhões.
Com isso, chamamos a atenção global para nós, visto a adoção acelerada, a organização do Banco Central e o apoio dos bancos e instituições financeiras.
Com tanto crescimento, enfrentaremos agora os primeiros desafios da retenção do consentimento, que se mostra um grande desafio para a implementação.
Agora, a missão é das empresas em descobrirem como os dados podem gerar valor para o cliente e fazê-los enxergar o serviço como essencial para sua experiência.
O que é possível ser feito com o Open Finance?
Por mais que as possibilidades sejam muitas, tudo isso precisa ser refletido em um aumento na qualidade do serviço prestada ao cliente final. Como citado no início desse texto, a McKinsey levantou que 38% das pessoas que utilizam Open Finance não notaram nenhuma melhoria nas ofertas de produtos, o que é um indício de que o mercado ainda está entendendo como é possível utilizar esses dados de uma maneira que gere impacto.
Abaixo, seguem alguns dos benefícios que podem ser gerados a partir do compartilhamento de dados.
Iniciação de pagamentos
Com a iniciação de pagamentos, você poderá solicitar transferências entre as suas contas sem ter que acessar as duas contas. Além disso, com essa mesma tecnologia, poderão ser resgatadas aplicações em investimentos. Ou seja, tudo fica centralizado em apenas um local, trazendo praticidade e conforto.
Consolidação da Gestão Financeira
A consolidação possivelmente é o benefício mais conhecido pelo brasileiro. Hoje já são diversas Fintechs e bancos que disponibilizam ferramentas para isso.
A consolidação nada mais é do que reunir todos os seus recebimentos e saídas de diversos bancos em apenas um local. Com isso é possível segmentá-los, organizá-los e trazer benefícios à saúde financeira do consumidor.
Ofertas Personalizadas e Produtos Sob Medida
Imagine ter um produto, seja ele um cartão de crédito, um investimento, empréstimo, seguro ou similar e ser oferecido, sem ter que solicitar, algo equivalente, porém com menos taxas, maior rentabilidade ou mais limite.
Com o compartilhamento de dados do Open Finance, as instituições financeiras poderão comparar todas essas informações de outras instituições com o que elas podem oferecer e dar melhores opções. Ou quem sabe até criar produtos personalizados especialmente para a necessidade do consumidor.
Com isso, quem ganha é o cliente, que receberá ofertas melhores e exclusivas. Além disso, cria a necessidade para as empresas sempre estarem criando produtos melhores, visto que a transparência vai elevar o nível do jogo.
Facilitação no processo de cadastro
Com o compartilhamento de dados já validados por outras instituições, como seu nome, data de nascimento, telefone e documentos, não há motivos de ter que revalidá-los.
Tanto as empresas quanto os clientes ganham com isso, visto que menos esforço é necessário dos dois lados. A agilidade passa a fazer parte do processo e se reduzem os atritos com o cliente.
Conclusão
O Open Finance é uma tendência que veio para revolucionar o mercado financeiro, trazendo inúmeros benefícios para consumidores e empresas do setor. A abertura de dados possibilita a criação de um ecossistema financeiro mais diversificado, competitivo e adaptado às necessidades individuais dos clientes.
Por mais que estejamos em uma evolução acelerada, guiada pelo Banco Central, os Bancos, Corretoras, Seguradoras e Startups ainda estão entendendo como toda essa tecnologia pode ser revertida em valor final para seus clientes. Tecnologias disruptivas não são fáceis e nem rápidas de serem criadas, porém, certamente surgirão.
À medida que essa revolução avança, novas oportunidades surgirão e sempre com o usuário final no controle de quem pode e quem não pode visualizar suas informações. No fim, quem tende a ganhar com isso tudo é o cliente, com um atendimento mais personalizado, mais organização na sua vida financeira e produtos mais competitivos.