Num ano de grande volatilidade para a bolsa de valores e de mínimas históricas na taxa de juros (CDI), o ouro já sobe quase 50%. Desde o início de 2017, quando este ainda estava na faixa dos R$120/g, a valorização foi ainda maior, de quase 200%.
No mês passado, o ouro usado como hedge (proteção) na carteira dos investidores, acumulou alta superior a 30% no mercado internacional e superou o patamar de US$ 2.000 a onça. Inclusive sua ruptura ocorre em meio a um momento de crise global e perda de valor de moedas, o que põe em xeque a saúde do dólar.
Dito isto, muitos investidores estão sendo atraídos pelo ouro ou até mesmo pela prata e há uma grande dúvida: seria uma boa hora para investir? Há ainda espaço para valorização?
Para responder essa pergunta, é necessário voltar um pouco na história.
Primeiramente, o ouro não é somente uma commodity, mas sim, uma moeda que existe há mais de 5.000 anos e funciona como uma reserva de valor, diferentemente das moedas emitidas pelos governos.
A ordem monetária do ocidente desde o século XIX
O padrão-ouro clássico, de 1815-1914
O mundo vivia realmente com uma moeda global, era uma moeda única. Havia uma ampla liberdade de comércio, livre fluxo de capitais e pessoas. Foi um período de crescimento robusto e estabilidade de preços.
Este regime se fundamentava na obrigatoriedade de cada país manter parte significativa de seus ativos de reserva internacional em forma de ouro. Essas reservas determinavam as condições do comércio de cada nação.
Inclusive tal padrão impunha uma certa disciplina aos governos. A quantidade de reservas de ouro de um país definia sua oferta monetária.
Este modelo buscava propiciar o equilíbrio na economia internacional, permitindo que cada país tivesse uma base monetária significativa através da paridade cambial. Por sua vez, a consistência da base monetária geraria o equilíbrio da balança comercial.
Mais tarde, os governos se viram “obrigados” de deixar o padrão-ouro dado que precisavam inflacionar a oferta de papel moeda para bancar os esforços bélicos da Primeira Guerra Mundial.
Busca por reserva de valor na crise
Com a expansão monetária desenfreada por parte dos Bancos Centrais no mundo inteiro para conter os efeitos da crise de saúde na economia, vemos muitos investidores correndo em busca de proteção. Afinal, o metal não pode ser impresso da mesma maneira que o dinheiro.
O ouro é um ativo livre de risco, ou seja, não há risco de contraparte. Desde que ele esteja na forma física e na posse do seu dono, não existe risco de default, diferentemente do que ocorre com qualquer forma de poupança ou investimento, uma vez que o ativo de um é o passivo de outro.
A prata possui as mesmas características de proteção do ouro, fato que fez o metal se valorizar de forma significativa em 2020 por conta dos reflexos econômicos da pandemia do Coronavírus. De certa forma, a prata guarda as mesmas similaridades do ouro em relação ao dólar (DXY) e ao índice de renda variável americano, S&P.
Inclusive, com a intensificação da crise do Covid-19 e do já crescente preço do metal dourado, a prata retomou sua força como ativo de proteção e vem, em 2020, “tirando o atraso” em relação ao preço do ouro. Porém, apesar de a prata acumular maior valorização no ano, só encerrou em alta em 3 meses do primeiro semestre, enquanto o ouro, em 5.
Os Bancos Centrais, estão promovendo novas rodadas de Quantitative Easing, ou seja, políticas de afrouxamento monetário a fim de promover a liquidez necessária e que o sistema financeiro não entre em colapso.
O resultado de mais de uma década de forte expansão monetária no mundo e, como já mencionado, com intensificação destas políticas neste curto prazo com o objetivo de combater os efeitos econômicos causados pela pandemia, provou um crescimento significativo no volume de títulos soberanos negociados com juros negativos.
Isto quer dizer que, o efeito da expansão monetária provocou no mercado de títulos uma série de emissões de dívida pública que possuem retornos abaixo da inflação, como é o caso dos países desenvolvidos.
O ouro pode sofrer correções, porém continua indispensável no portfólio
No médio e longo prazo o ouro ainda tem grande potencial como a prata. Porém, no curto prazo podemos ver correções uma vez que o ativo veio atingindo seu topo histórico.
Na busca por proteção, tornou-se mandatório entre os maiores investidores do mundo ter parcela do portfólio em metais preciosos. Quando se pensa em um ativo descorrelacionado, o ouro se torna uma escolha unânime.
Nesse sentido, é indispensável o investidor deixar uma fatia guardada no portfólio para o ouro. Porém deve-se tomar muita cautela no % da carteira, uma vez que se trata de um ativo volátil.
Os fundos OURO USD FI MULT e OURO FI MULT são distribuídos na plataforma do Banco BTG Pactual, sendo que o primeiro se trata de um fundo passivo e que sofre exposição cambial e o segundo é um fundo passivo sem exposição cambial. Ambos possuem a menor taxa de administração no mercado de 0,10%.
Por fim e em suma, o ouro é um ativo de proteção, uma reserva de valor que todo investidor deveria considerar na carteira, especialmente no momento que nos encontramos. Ativos seguros são componentes importantes para a construção de uma carteira coesa. Porém, nunca se esqueça de consultar seu assessor de investimentos para uma escolha consciente.
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