Provavelmente, você deve ter percebido que nesses últimos tempos os títulos mais curtos, negociados no site do Tesouro, têm remunerado o investidor com maiores taxas em comparação aos mais longos.
E por isso deve estar se perguntando: “Deu a louca” no Tesouro Direto? Por que as taxas do prefixado 2024 estão rendendo mais do que a taxa do prefixado de 2026? O que está acontecendo?
Teoricamente, é verdade que quanto mais longo um título, mais ele deveria pagar porque existe um risco maior até o vencimento. Porém, é possível sim que as taxas curtas estejam mais altas que as taxas longas, e neste cenário é o que chamamos de CURVA INVERTIDA, quadro que estamos vivenciando nesses últimos dias.
Porém, antes de esclarecermos o que seria a famosa “curva invertida” precisamos entender melhor como funciona a curva de juros.
Entendendo a curva de juros
Trata-se de um importante indicador para os investidores de renda fixa. A curva de juros, também conhecida como ETTJ ou “Estrutura a Termo das Taxas de Juros” é calculada todos os dias pela ANBIMA e divulgada publicamente. Ela é construída utilizando as taxas de títulos públicos prefixados (LTN e NTN-F) e títulos indexados pela inflação (NTN-B) que as instituições financeiras negociam todos os dias entre si.
Como dito, diariamente as instituições financeiras compram e vendem títulos através de um mercado secundário, cuja taxas praticadas são ditadas pela oferta e demanda. Ou seja, caso haja maior demanda por um determinado título, que tem uma determinada data de vencimento, a tendência é a de que o preço desse título aumente e por sua vez, a taxa diminua. A relação inversa também é verdadeira.
E com a curva de juros você, investidor, consegue saber quanto o mercado está te pagando quando pretende fazer um investimento para três, quatro, cinco anos por exemplo. Ou seja, ela é utilizada como base para todos os investimentos da economia. Por isso tão importante.
E como acontece dela ser invertida?
Em resumo, o que acontece é que muitas vezes o mercado espera uma alta para a Selic durante um certo tempo. Então, considerando que estamos vivendo atualmente um Brasil de inflação alta, o Banco Central precisa subir a Selic acima do “juro neutro” fazendo com que ele desaqueça a economia e tente fazer com que a inflação volte para a meta.
Rapidamente explicando o que são os “juros neutros”, um famoso conceito entre os economistas e essencial no cumprimento da meta de inflação. Fazendo uma analogia a ele, seria como se fosse o “piloto automático” do Banco Central, isto é, o juro neutro é um nível de taxa de juros que, quando chegamos a ele, a inflação não acelera e nem desacelera.
A última vez que tivemos juros prefixados de prazo longo menores que os juros prefixados de curto prazo foi na crise ocorrida entre 2015 e 2016.
E quando todas as taxas estão muito próximas, temos uma crise em andamento ou uma expectativa negativa com relação ao futuro próximo (1 ou 2 anos).
Por outro lado, quando as taxas estão se afastando com juros curtos cada vez menores e distantes dos mais longos, temos uma fase de otimismo com relação ao futuro ou sobre uma recuperação da economia.
Aliás, como vimos em anos anteriores, os juros longos e curtos podem permanecer próximos por um bom tempo e em tendência de alta até que em algum momento a demanda pelos títulos deve aumentar e assim, suas taxas iniciem uma tendência de baixa enquanto se afastam novamente.
A fase de queda com o afastamento dos juros tende a ser favorável para a renda variável. É possível ver uma curva invertida e um título de 5 anos pagando menos de um título por exemplo de 3 anos. Por isso, não deixe de contar com seu assessor de investimentos para uma escolha consciente!