Curva invertida: entenda o cenário atual da curva de juros no Brasil

5 de julho de 2022

Provavelmente, você deve ter percebido que nesses últimos tempos os títulos mais curtos, negociados no site do Tesouro, têm remunerado o investidor com maiores taxas em comparação aos mais longos.

E por isso deve estar se perguntando: “Deu a louca” no Tesouro Direto? Por que as taxas do prefixado 2024 estão rendendo mais do que a taxa do prefixado de 2026? O que está acontecendo?

Teoricamente, é verdade que quanto mais longo um título, mais ele deveria pagar porque existe um risco maior até o vencimento. Porém, é possível sim que as taxas curtas estejam mais altas que as taxas longas, e neste cenário é o que chamamos de CURVA INVERTIDA, quadro que estamos vivenciando nesses últimos dias.

Porém, antes de esclarecermos o que seria a famosa “curva invertida” precisamos entender melhor como funciona a curva de juros.

Entendendo a curva de juros

Trata-se de um importante indicador para os investidores de renda fixa. A curva de juros, também conhecida como ETTJ ou “Estrutura a Termo das Taxas de Juros” é calculada todos os dias pela ANBIMA e divulgada publicamente. Ela é construída utilizando as taxas de títulos públicos prefixados (LTN e NTN-F) e títulos indexados pela inflação (NTN-B) que as instituições financeiras negociam todos os dias entre si.

Como dito, diariamente as instituições financeiras compram e vendem títulos através de um mercado secundário, cuja taxas praticadas são ditadas pela oferta e demanda. Ou seja, caso haja maior demanda por um determinado título, que tem uma determinada data de vencimento, a tendência é a de que o preço desse título aumente e por sua vez, a taxa diminua. A relação inversa também é verdadeira.

E com a curva de juros você, investidor, consegue saber quanto o mercado está te pagando quando pretende fazer um investimento para três, quatro, cinco anos por exemplo. Ou seja, ela é utilizada como base para todos os investimentos da economia. Por isso tão importante.

E como acontece dela ser invertida?

Em resumo, o que acontece é que muitas vezes o mercado espera uma alta para a Selic durante um certo tempo. Então, considerando que estamos vivendo atualmente um Brasil de inflação alta, o Banco Central precisa subir a Selic acima do “juro neutro” fazendo com que ele desaqueça a economia e tente fazer com que a inflação volte para a meta.

Rapidamente explicando o que são os “juros neutros”, um famoso conceito entre os economistas e essencial no cumprimento da meta de inflação. Fazendo uma analogia a ele, seria como se fosse o “piloto automático” do Banco Central, isto é, o juro neutro é um nível de taxa de juros que, quando chegamos a ele, a inflação não acelera e nem desacelera.

A última vez que tivemos juros prefixados de prazo longo menores que os juros prefixados de curto prazo foi na crise ocorrida entre 2015 e 2016. 

E quando todas as taxas estão muito próximas, temos uma crise em andamento ou uma expectativa negativa com relação ao futuro próximo (1 ou 2 anos).

Por outro lado, quando as taxas estão se afastando com juros curtos cada vez menores e distantes dos mais longos, temos uma fase de otimismo com relação ao futuro ou sobre uma recuperação da economia.

Aliás, como vimos em anos anteriores, os juros longos e curtos podem permanecer próximos por um bom tempo e em tendência de alta até que em algum momento a demanda pelos títulos deve aumentar e assim, suas taxas iniciem uma tendência de baixa enquanto se afastam novamente.

A fase de queda com o afastamento dos juros tende a ser favorável para a renda variável. É possível ver uma curva invertida e um título de 5 anos pagando menos de um título por exemplo de 3 anos. Por isso, não deixe de contar com seu assessor de investimentos para uma escolha consciente!

Este material, disponibilizado sob demanda, consiste em breve resumo de cunho meramente informativo, não configurando consultoria, oferta, solicitação de oferta, ou recomendação para a compra ou venda de qualquer investimento ou produto específico. Este podcast não tem relação com objetivos específicos de investimentos, situação financeira ou necessidade particular de qualquer destinatário específico, não devendo servir como única fonte de informações no processo decisório do investidor que, antes de decidir, deverá realizar, preferencialmente com a ajuda de um profissional devidamente qualificado, uma avaliação minuciosa do produto e respectivos riscos face a seus objetivos pessoais e à sua tolerância a risco (Suitability).

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